O papel do fonoaudiólogo no diagnóstico e tratamento multiprofissional da criança com dificuldade alimentar: uma nova visão

Abstract

O presente artigo relata o caso clínico de paciente de dois anos e seis meses atendida por equipe multidisciplinar. A paciente apresentou dificuldades alimentares caracterizadas por recusa alimentar, tempo prolongado das refeições, defesa sensório-oral, reflexo de vômito anteriorizado e dificuldade mastigatória. Não se alimentava sozinha, nem participava das refeições em família. Apresentava refluxo gastroesofágico, alergia a proteína do leite de vaca e tosse seguida por vômito. Não apresentou comprometimento pondero-estatural. Foi utilizado o Programa de Refeição Compartilhada. Após acompanhamento médico, a conduta de trabalho foi definida e iniciada pelo trabalho sensório-oral, seguido do trabalho com a mastigação, associados ao trabalho de orientação familiar. A paciente passou a realizar as refeições com a família e participar das rotinas sociais de alimentação. O tempo de refeição foi reduzido e a recusa alimentar eliminada. Os aspectos sensório-motores-orais melhoraram significantemente. Após a alta e reavaliação em três meses, apresentou melhora no refluxo gastro-esofágico e a medicação foi suprimida. A nutricionista iniciou a introdução de derivados do leite, com boa aceitação por parte da paciente. O programa utilizado mostrou-se eficaz para o diagnóstico e tratamento da dificuldade alimentar apresentada pela paciente. A equipe multidisciplinar foi capaz de ter uma visão ampliada da dificuldade alimentar apresentada pela paciente, compreendendo as questões motoras, orais, orgânicas e nutricionais da alimentação da criança inseridas no seu contexto familiar.

Delayed Development of Feeding Skills in Children with Feeding Difficulties—Cross-sectional Study in a Brazilian Reference Center

“…Self-feeding is an important step toward the development of independence and self-confidence, besides interfering in quality of chewing and swallowing, and all sensory and emotional aspects involved in feeding, as explained previously ( 5 , 11 , 24 ). Carruth et al ( 25 ) stated that children develop skills to self-feed in the first 2 years of life.…”

How to monitor children with feeding diffi culties in a multidisciplinary scope? Multidisciplinary care protocol for children and adolescents – pilot study

“…Literature shows an incidence of frenulum alterations between 0,2 and 12% of the population 42 , and the most frequent problems caused by ankyloglossia mentioned are related to speech, followed by the ones related to feeding mainly during the breast feeding phase [43][44][45] , and the alterations in swallowing and chewing, development of the skeleton structures of the face, teeth alteration, occlusion and the periodontal tissue 46 . Therefore, this kind of alteration has an impact in feeding and speech, highlighting the necessity for an intervention in order to improve the general situation of the feeding diffi culty [47][48][49][50] .…”

Dificuldades na introdução de alimentos complementares ao aleitamento materno em bebês não disfágicos: efeitos da atuação fonoaudiológica

“…Através de um relato de caso, autores demonstraram que, a fase do desmame pode originar dificuldades para que o bebê aceite outros alimentos (desde leite industrializado em mamadeira ou outro alimento) e que cause alterações no laço, devido à imposição dos pais preocupados pela nutrição do seu bebê durante as refeições. Este caso evoluiu para doenças como refluxo gastroesofágico e recusa alimentar com necessidade de via alternativa de alimentação 19 . É necessário considerar que, o insucesso do desmame pode apresentar consequências prejudiciais que vão desde alterações nutricionais até problemas em seu desenvolvimento de linguagem 21,22,23 .…”

“…Contudo, durante o acompanhamento das refeições, a pesquisadora avaliou que essas queixas estavam relacionadas a episódios nauseosos, que podem ocorrer nesta fase de adaptação do bebê diante da nova consistência alimentar e/ou utensílio 19,20,24 . Após a atuação fonoaudiológica, este dado não foi mais destacado pelas mães.…”

“…Todavia, essa modificação no período de transição do aleitamento materno para alimento pastoso e/ou sólido, pode não ser bem aceita pela mãe e/ou pelo bebê e ocasionar problemas de alimentação e/ou de linguagem subsequentes. Com isso, manifesta-se a necessidade de intervenção fonoaudiológica precoce nos casos de bebês que, mesmo na ausência de uma doença de base para disfagia, apresentam dificuldades no processo de transição alimentar, as quais podem acarretar problemas como anemia, constipações intestinais e perda de peso, além de possíveis perturbações no desenvolvimento, incluindo o da linguagem oral 19,20,21,22 . Feitas essas considerações, o objetivo é descrever os efeitos da atuação fonoaudiológica diante das dificuldades na introdução de alimentos complementares ao aleitamento materno em bebês não disfágicos, numa abordagem biopsíquica.…”