Esta pesquisa surgiu a partir da experiência clínica junto a pacientes com diagnóstico de diabetes tipo 1, seus cuidadores e uma equipe em uma instituição pediátrica da rede pública de saúde. O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença crônica e autoimune, que surge prioritariamente nas duas primeiras décadas de vida. Seu tratamento envolve insulinoterapia, monitoramentos glicêmicos e alimentares diários, trazendo questões psicológicas específicas àqueles nesta condição. A literatura e a clínica demonstram que o diagnóstico de DM1 na infância e adolescência produz impactos na rotina familiar e nos cuidados oferecidos ao paciente. Também são verificados impactos nos pacientes e cuidadores tanto diante do diagnóstico quanto ao longo do tratamento da doença. Este estudo se propôs a investigar o impacto do diagnóstico recente de DM1 em adolescentes, mapeando, por meio dos relatos, as condições em que o diagnóstico foi realizado e investigando os aspectos emocionais diante desse evento. Para isto, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas e dados recolhidos dos prontuários. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória, cuja análise de dados foi realizada por meio da análise de conteúdo e a discussão à luz da psicanálise. Os resultados corroboraram a literatura da área, apontando que diversas áreas da vida são impactadas pelo diagnóstico de DM1, evidenciando que as restrições e exigências associadas ao tratamento são as principais questões dos adolescentes. Discutiu-se como tais restrições podem ser representantes simbólicos da castração, o que exige que cada sujeito encontre saídas singulares diante dessa problemática. O estudo também sugeriu uma aproximação entre a puberdade e a incidência de um adoecimento crônico na adolescência, uma vez que ambos os fenômenos exigem reposicionamentos e ressignificações.Palavras-chave: Adolescência, diabetes mellitus tipo 1, diagnóstico recente, psicanálise.