“…A ideia de que os produtos devem ser importantes para as pessoas em função daquilo para que são usados, utilitariamente, e não devido ao seu significado intangível tornou-se obsoleta: "Quando se consome não se consome só o objecto, mas também o discurso ideológico que lhe está adjacente" (Fonseca, 2007: 124). Várias são as constatações que corroboram esta perspectiva: verifica-se a transformação da aquisição material em experiência cultural; assiste-se a um predomínio do valor de troca (aquilo que o pertence vale) sobre o valor de uso (o que o bem proporciona aos indivíduos); constata-se a sobreposição dos desejos emocionais às motivações funcionais e evidencia-se que a dimensão funcional do objecto não é mais do que uma transição para um estádio conotativo (Jhally, 1995;Santos, 2005Santos, , 2011aSantos, , 2011bSantos, , 2012Cruz, 2009;Silva et al, 2011). Como consequência, os haveres tornaram-se ícones, signos, detentores de valores estatutários, com um carácter performativo e ideologias agregadas, possuindo, por isso, um potencial social (Appadurai, 1986;McCracken, 1988;Santos, 2005;Laviolette, 2013).…”