Utilizando o modelo das Redes Globais de Produção, argumenta-se que os fatores que levaram ao rompimento da Barragem I, da Vale S.A., em Brumadinho (MG) em 2019, podem ser interpretados a partir do exercício de poder corporativo, que anulou os sistemas existentes de pesos e contrapesos, e da captura de valor por meio da redução de custos operacionais para garantir o aumento da remuneração aos acionistas, em um contexto de crescente financeirização. O artigo é construído a partir de revisão bibliográfica e análise documental. A construção do argumento se inicia a partir da construção do conceito de estratégia, definida como um repertório de ações coordenadas desempenhadas por um ou mais agentes que envolve o exercício do poder com o objetivo de: (1) aumentar a capacidade de ampliar ou capturar valor; (2) expandir o poder ou reduzir o poder de outros agentes; e/ou (3) modificar condições de enraizamento, próprias e as de outros agentes. Lançando mão dessa definição, em seguida, apresenta-se uma análise de restrições e oportunidades de geração e captura de valor pela Vale e da associação de suas estratégias com um aumento do risco operacional da Barragem I.