RESUMO O artigo versa sobre o pensamento e a ação política do arcebispo Dom Helder Câmara e do padre Louis-Joseph Lebret nas décadas de 1950 e 1960. Objetiva-se refletir sobre a formação de uma linhagem progressista do pensamento católico no Brasil, destacando particularmente sua vertente desenvolvimentista. Nesse sentido, acompanham-se as trajetórias dos clérigos, concernindo aspectos biográficos, da formação intelectual, técnica, filosófica e eclesiástica, assim como suas redes de relacionamento, as formas de recepção de suas ideias, suas participações nos debates internos à Igreja e ainda as relações de colaboração com os governos nacional-desenvolvimentistas, revelando suas contribuições para a práxis transformadora que precedeu a gestação de um viés revolucionário da esquerda católica na América Latina, marcante na formação da Teologia da Libertação. O estudo do pensamento dos clérigos ganha relevo contemporâneo em face da recente reabilitação e revalorização de ícones da esquerda católica latino-americana e da retomada da Doutrina Social da Igreja, ensejada na plataforma progressista da gestão do Papa Francisco, que mantém vínculos estreitos com a matriz desenvolvimentista do pensamento católico e com princípios da Teologia da Libertação.