RESUMOObjetivo: Estudar a distribuição da espessura corneana central e suas correlações com outros dados biométricos em pacientes com glaucoma congênito. Métodos: Pacientes foram divididos em dois grupos, o A composto por portadores de glaucoma congênito, sendo este subdividido em subgrupos: com estrias de Haab (A1) e sem estrias de Haab (A2). O B representou o grupo controle. Resultados: O grupo A apresentou diâmetro corneano entre 11 e 15,5 mm, com média de 14,13 mm e desvio padrão de 1,28, enquanto o grupo B apresentou valores entre 11,5 e 12,5 mm, com média de 12,01 mm com desvio padrão de 0,09 (t=-8,9723 e p=1,5083 em nível 0,05). Os glaucomatosos apresentaram maiores valores médios de diâmetro axial (t=-6,46315, p=9,2498 em nível de significância de 0,05), e menores valores médios ceratométricos em relação aos controles. O subgrupo A1 apresentou espessura corneana central de 539 ± 46 μm, o subgrupo A2 apresentou média de 571 ± 56 μm e o grupo B de 559 ± 28 μm (t=0,43746 e p=0,66291). As correlações entre diâmetro corneano e axial foram positivas nos dois grupos. Já entre diâmetro corneano e ceratometria média foram negativas nos dois grupos. Conclusão: Os glaucomatosos apresentaram maior média de diâmetro axial e menor média ceratométrica em relação aos controles. Não houve diferença estatisticamente significativa da espessura corneana central. O diâmetro corneano se correlacionou positivamente como diâmetro axial e negativamente com a ceratometria média. Não se pode estabelecer correlações entre espessura corneana central e os demais dados biométricos.
Descritores
INTRODUÇÃOA perda visual em pacientes com glaucoma congênito (GC) ocorre na maioria dos pacientes de maneira precoce, não somente pelo dano do nervo óptico, mas também pelas alterações do bulbo ocular, particularmente as corneanas, como o edema ou então as roturas na membrana de Descemet (estrias de Haab) (1)(2) . O diagnóstico do GC é realizado através de uma semiologia bem conduzida, e quando realizado de maneira precoce muitas vezes impede a progressão da doença (3) . A tonometria é artifício semiológico de extrema importância para o diagnóstico, porém pode revelar valores errôneos devido às condições corneanas nestas crianças (4)(5)(6) , ou então pela variação relacionada à idade no mesmo paciente, como demonstrado na literatura (7) .Dentre os fatores que levam à interpretação errônea da pressão intraocular (PIO), figura a espessura corneana central como um dos principais. Estudos realizados em adultos, demonstraram correlação positiva entre o aumento da espessura corneana central (ECC) e os valores obtidos com cada tonômetro (8)(9)(10) . Já no que diz respeito à curvatura corneana, sabemos que há associação positiva com a PIO (11) , em que o autor chegou à conclusão que a cada 3 dioptrias há aumento de 1 mmHg na PIO.Dessa maneira, os valores da PIO nestas crianças, podem estar erroneamente aferidos com maior frequência do que em adultos, devido à possibilidade dos valores de espessura central e curvatura corneanas nestes pacientes estarem ...