Quem é evangélico “de verdade” e quem é só “de aparência”? Neste texto, descrevo e analiso processos morais entre evangélicos de uma mesma igreja, numa comunidade rural do sudoeste do Haiti, onde a verdade da fé de cada um é colocada sob suspeita. Na malha de relações mediadas por uma missão norte-americana, o fogo-cruzado de acusações entre fiéis revela disputas por poder, competição por superioridade moral e uma maneira de exprimir as preocupações morais que não toma a forma da autoreflexividade e da culpabilidade tão comum em contextos protestantes. O pecado está nos outros, e acusá-los não deixa de ser uma ocasião para afirmar a sua própria virtude.