O fenômeno do transporte de fluidos em meios porosos sempre foi um desafio para os diversos pesquisadores da academia. O trabalho pioneiro sobre a caracterização hidráulica da estrutura porosa dos solos estava soterrado no apêndice de um relatório que, em 1856, visava avaliar a colmatação dos chafarizes da cidade de Dijon, na Franca. Este apêndice contém os resultados experimentais de ensaios em colunas de areia conduzidos pelo engenheiro Henri P. G. Darcy (Darcy, 1856). Este estudo, que marca o início da caracterização hidráulica de estruturas porosas, descreveu que a velocidade do fluxo de água em um solo arenoso saturado pode ser estimada pelo produto entre uma constante, denominada coeficiente de permeabilidade, e o gradiente hidráulico, definido como a razão entre a variação da carga hidráulica e a distância entre dois pontos de interesse. Apesar de simples, tal contribuição foi de grande valia para o entendimento macroscópico de como os fluidos se movimentam entre os vazios do solo. Todavia, com o passar do tempo, houve a necessidade de se extrapolar as condições estipuladas para a formulação original de Darcy para casos de regime não laminar e/ou em condições de variação da saturação do meio. Nesse novo contexto, surgiram formulações para lidar com problemas de fluxo turbulento, fluxo em solo não saturado, o fenômeno de barreira capilar, o efeito da umidade nas variações volumétricas dos solos, e muitos outros. Dos problemas citados, uma área de grande interesse dos engenheiros geotécnicos e que se mostra relativamente complexa é a análise do solo submetido a regimes não sa-