One view of Native education in the Northwest Territories, Canada

Percorrendo caminhos da arqueologia e da educação: encontros no ensino escolar

“…No final do século XX e nas primeiras décadas do XXI a sociedade canadense começou a tomar consciência dessa grave situação. Em meio a coberturas jornalísticas que trouxeram casos a público, de conflitos causados pela implantação de empreendimentos recreativos em terras indígenas e do avanço de obras de infraestrutura sobre territórios tradicionais, as questões indígenas foram revestidas de maior importância e o projeto de assimilação em curso começou a ser controvertido (Devine, 1994;Jamieson, 1994;Lea;Frost, 2011;Nicholas, 2001;Supernant, 2020). Mudanças foram organizadas a partir daí, muitas delas na educação e na arqueologia.…”

“…As sociedades indígenas começaram a demandar participação na organização do ensino e dos materiais didáticos sobre si mesmos, opondo-se ao predomínio das abordagens oficiais sobre o tema (Devine, 1994;Jamieson, 1994;Supernant, 2020). Também, uma maior presença de representantes indígenas na política criou oportunidades de colocar em foco culturas tradicionais no sistema educacional, direcionando novas prioridades no ensino como a perpetuação de tradições, memórias, conceitos indígenas alternativos para visões de mundo e métodos holísticos de ensino (Devine, 1994;Jamieson, 1994;Supernant, 2020). Essas mudanças passaram por comissões curriculares regionais com participação indígena (Devine, 1994;Jamieson, 1994) e por ações nacionais como a Truth and Reconciliation Commission [Comissão de Verdade e Reconciliação] (TRC).…”

“…Também, uma maior presença de representantes indígenas na política criou oportunidades de colocar em foco culturas tradicionais no sistema educacional, direcionando novas prioridades no ensino como a perpetuação de tradições, memórias, conceitos indígenas alternativos para visões de mundo e métodos holísticos de ensino (Devine, 1994;Jamieson, 1994;Supernant, 2020). Essas mudanças passaram por comissões curriculares regionais com participação indígena (Devine, 1994;Jamieson, 1994) e por ações nacionais como a Truth and Reconciliation Commission [Comissão de Verdade e Reconciliação] (TRC). A TRC trabalhou entre 2008 e 2015 para esclarecer e tornar público a violência da assimilação indígena no Canadá e dar voz às vítimas sobreviventes das escolas residenciais, resultando em planos de ação para reconciliação entre as sociedades indígenas e o restante da sociedade canadense (Supernant, 2020).…”

“…Desde então, a educação e a arqueologia trabalham de forma conjunta para responder a esses planos de ação, com um importante foco no potencial que a arqueologia tem de atuar como fonte para a história indígena e suas possibilidades no ensino escolar (Devine, 1991(Devine, , 1994Jamieson, 1994;Hogg, 2012;Nicholas, 1997Nicholas, , 2001Pennanen;Guillet 2020;Supernant, 2020;Welch;Corbishley, 2020). A relação entre as áreas, entretanto, não é simples.…”

“…A relação entre as áreas, entretanto, não é simples. Esse potencial da arqueologia já foi tratado com resistência por lideranças e profissionais indígenas envolvidos no movimento de revisão da educação canadense, motivados pelo fato de o passado indígena ter sido, por muito tempo, retratado de forma superficial e estereotipada por profissionais não indígenas, em um fazer arqueológico de matriz colonial que desconsiderava conhecimentos nativos e atropelava suas sacralidades (Devine, 1990(Devine, , 1994Lea;Frost 2011;Jamieson, 1994). Um exemplo está no fervoroso debate sobre a antiguidade da ocupação humana na América do Norte, por muito tempo pouco consensual mesmo dentro da academia, em oposição à religiosidade indígena que estende a ocupação humana a tempos mitológicos (Devine, 1994;Supernant, 2020).…”