A sobrevivência dos mais aptos é um princípio biológico aplicável a todos os seres vivos e, embora organismos diferentes tenham desenvolvido mecanismos próprios para maximizar as suas hipóteses de sobrevivência, todos possuem um fator comum -a sobrevivência está diretamente relacionada com a capacidade de adaptação às variações das características do meio ambiente. As bactérias são particularmente adaptáveis a tais variações, em virtude da sua taxa de reprodução extremamente elevada, o que lhes permite a transferência de características de sobrevivência para gerações futuras em períodos de tempo muito curtos. Adicionalmente, muitas espécies bacterianas têm uma tendência natural para se fixar a superfícies, multiplicar e incorporar numa matriz viscosa produzida pelos microrganismos colonizadores, formando biofilmes 1 .Estes biofilmes podem ser encontrados praticamente em qualquer material que esteja em contacto com água, podendo a sua formação ser desejável ou indesejável. De facto, a organização de células microbianas em biofilme, particularmente as bacterianas, é supostamente a primeira forma de vida multicelular existente no planeta, sendo estimado que a maioria das bactérias estejam organizadas em biofilmes 2 . Estas estruturas microbianas podem ocorrer em ambientes extremos, como em fontes hidrotermais, centrais nucleares e tubagens industriais sujeitas a forte desinfeção. Contudo, a existência de biofilmes só foi documentada pela primeira vez em 1943 por Zobell 3 , que observou células microbianas aderidas em paredes de garrafas. Posteriormente, atribuíram o termo filme microbiano ou biológico à camada gelatinosa de células e dos seus subprodutos aderidos às paredes de um biorreator 4 . Topiwala 5 e Hamer 6 observaram camadas de células bacterianas e as suas substâncias poliméricas extracelulares que designaram como crescimento de parede. Characklis 7, 8 publicou uma extensa revisão bibliográfica sobre os fundamentos básicos e as implicações práticas dos biofilmes, utilizando a designação lama microbiana.Em 1984, um consenso dos principais investigadores na área definiu um biofilme como um conjunto de microrganismos, predominantemente bactérias, embebidos numa matriz tridimensional gelatinosa de polímeros extracelulares excretados pelos microrganismos colonizadores 9 . Quando a formação de um biofilme é indesejável, este fenómeno é também CITAÇÃO Simões, L. C. et al.(2022) Biofilmes em superfícies industriais,