Organização tecnoassistencial do cuidado à mulher e à criança recém-nascida no estado do Maranhão

Um laboratório produzindo inovações em saúde na Amazônia: 10 anos do Laboratório de História, Política Pública e Saúde na Amazônia

“…Desde os primeiros estudos epidemiológicos (Hallal et al, 2020; e os mais recentes (Montag et al, 2021;Cunha et al, 2021;Croda et al, 2022) evidenciaram que as comunidades indígenas apresentaram uma taxa de incidência e mortalidade por Covid-19 mais elevada do que não-indígenas. Essas pesquisas apontaram como possíveis causas a existência de rodovias e livre acesso para trocas comerciais em terras indígenas, contato de indígenas aldeados com população de cidades onde o vírus já circulava por necessidade comercial ou recebimento de benefícios sociais (Santos et al, 2021) e devido a permanência ilegal de madeireiros e garimpeiros que intensificaram suas atividades nos primeiros meses da pandemia (Greenpeace Brasil, 2020).…”

“…O vírus nos mobilizava para outras maneiras de pensar, de existir e de cuidar. Como diria Boaventura Sousa Santos (2021), o vírus estava sendo pedagógico conosco. Então, era necessário buscar mais encontros que fortalecessem minha existência.…”

“…O ciclo das águas, que desloca áreas de terras de um lugar para o outro, é oportuno para compreender o impacto na organização dos serviços de saúde e, logo, na condição de vida da população (Santos & Guedes, 2021;Schweickardt, Kadri & Lima, 2019). A distância que existe entre a residência dos usuários e a sede dos serviços de saúde deve ser vista como situação que carece atenção, pois, na maioria das vezes, as ações e serviços de saúde se concentram na sede dos municípios (Dolzane & Schweickardt, 2020).…”

O cuidado de mulheres e crianças: produções éticas e estéticas na atenção e na pesquisa

“…O movimento da caça das bruxas, que resultou na morte de milhares mulheres cuidadoras, constituiu o monopólio do saber médico, reservado aos homens. A obstetrícia surge como disciplina científica no século XII e XIII, na esteira do modelo da racionalidade científica moderna e mecanicista, movimento que vigora até hoje, nomeado como modelo biomédico que aliado ao capitalismo no século XVIII constituiu a medicalização dos corpos (MENEZES, 2022). Ao concentrar-se em partes cada vez menores do corpo, a medicina moderna perde de vista o ser humano como um todo e sua inter-relação com o contexto em que vive .…”

“…A progressão da institucionalização do parto no século XX elimina estas práticas e resulta na medicalização do parto e perda da autonomia das mulheres, bem como, no aumento de práticas invasivas, desnecessárias, potencialmente iatrôginas. O resultado deste processo é o aumento das cesáreas desnecessárias, do risco das mulheres e crianças (MENEZES, 2022).…”