Os Empreiteiros de Obras Públicas e o Golpe Civil de 1964

Abstract

<p>Passadas três décadas do fim do governo do último general-ditador, a sociedade brasileira ainda guarda muitas marcas que remontam ao período do regime autoritário. Uma delas é o fato de vários grupos empresariais que dominam hoje a economia e, em certa medida, também a política brasileira, terem crescido de maneira significativa ao longo da ditadura. Dentre esses empresários, os empreiteiros de obras públicas se destacam, sendo que sua importância atual na economia brasileira remete em grande parte à emergência verificada no período ditatorial, quando as empresas do setor foram beneficiadas por políticas altamente favoráveis e cresceram de forma expressiva. Antes disso, e tendo relação direta com essas políticas benéficas, os empreiteiros desempenharam um papel bastante ativo no golpe de Estado de 1964. Nossa intenção nesse artigo é tentar apreender o posicionamento e a contribuição desse fração específica do empresariado brasileiro no golpe civil-militar.</p>

Interesse público em disputa: a utilização das terras da União nas experiências de GPU no centro do Recife e adjacências

“…No campo das infraestruturas, as empreiteiras de Grandes Obras Públicas que hoje dominam o mercado brasileiro tiveram crescimento significativo, beneficiadas por políticas públicas, como financiamento subsidiado, reserva do mercado nacional e isenções fiscais (CAMPOS, 2015). O investimento em infraestrutura ultrapassou gastos em áreas como educação e saúde e contou com o aumento dos fundos públicos, através de reformas no Programa de Aceleração Econômica do Governo (PAEG) e a criação do FGTS.…”

“…As empresas que dominaram a maior parcela do mercado no período foram a Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Odebrecht e Mendes Júnior (CAMPOS 16 2013, apud STROHER, 2019. O crescimento das empreiteiras no período se deu não só pelo alinhamento ao projeto de modernização capitalista da ditadura, mas também pelo apoio deste segmento ao golpe militar (CAMPOS, 2015).…”

Para além da exposição

“…As políticas do período favoreceram diversos setores da indústria e viabilizaram a consolidação de grandes grupos empresariais. Entre eles, destacaram-se as empreiteiras que, encarregadas das obras públicas de infraestrutura, cresceram como nenhum outro ramo industrial e tornaram-se grandes conglomerados, com atuação em múltiplos setores econômicos (CAMPOS, 2015). O avanço da indústria da construção civil e o fortalecimento das empresas de consultoria levaram a uma série de mudanças nas relações trabalhistas do arquiteto.…”