Apresentamos apontamentos e reflexões referentes à temática indígena no contexto de formação de professores na escola. Faz-se necessário discutir temas referentes aos povos indígenas no ambiente escolar, especificamente, nos espaços e tempos destinados à formação de professores. A escolha em favorecer campos de reflexões acerca dessa temática na escola pauta-se em referências teóricas que apontam para a existência de um olhar folclorizado em relação aos povos indígenas, tanto na sociedade quanto na escola, apesar de haver uma legislação que inclui o trabalho com a temática indígena na escola e documentos curriculares que norteiam esse trabalho. Desse modo, entendendo-se a escola como um território potente de reflexão e transformação, torna-se evidente a importância de incluir essa discussão nesse espaço. Por meio de pesquisa documental e bibliográfica, observamos que, nos documentos oficiais nacionais, em especial na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), são explicitados, nos diferentes campos do conhecimento, formas de integrar a temática indígena no trabalho pedagógico, numa perspectiva de valorização dos diferentes modos de ser, viver e produzir cultura. Nesse documento curricular, existem eixos temáticos nas diferentes áreas do conhecimento em que proposições metodológicas podem viabilizar discussões interessantes na escola, porém, como já mencionado, ainda existem muitos estereótipos no ambiente escolar em torno dos povos indígenas. Ainda em relação à pesquisa bibliográfica realizada, é possível observar o privilégio epistêmico dos não indígenas sobre os indígenas: os saberes e culturas destes últimos foram silenciados/violentados por aqueles que detiveram o poder ao longo do tempo. Nos tempos atuais, a configuração da violência sobre os povos indígenas mudou, mas ainda existe: é um silenciamento travestido de gestos democráticos. Dessa forma, espaços destinados à "suspensão do tempo", ou seja, espaços em que haja possibilidades de escuta, estudos, pesquisas e debates relacionados à temática indígena se fazem essenciais. São fundamentais movimentos acadêmicos que possibilitem campos de discussão sobre esses povos, de modo que o que está proposto nos documentos educacionais oficiais ganhe vida nas escolas e ecoe na sociedade.