No decorrer das décadas de 1940 a 1970, o crítico literário Otto Maria Carpeaux (1900-1978 exerceu uma atividade crítica contínua e incansável, constituída por centenas de textos publicados em ritmo quase semanal. Vista com a distância de mais de trinta anos desde sua morte, a trajetória e a obra deste austríaco-brasileiro -que chegou ao Brasil em setembro de 1939 vindo de Antuérpia, na Bélgica, onde se refugiara desde abril de 1938, após uma fuga desesperada da capital austríaca em 15 de março daquele ano, quando as tropas de Hitler entraram triunfantes na capital do eximpério austro-húngaro -continuam a surpreender os leitores, seja pela necessária combinação de comentário, análise e julgamento, seja pelo viés ensaístico de sua escrita, além do domínio da língua portuguesa, idioma que aprendeu rápido, mas cujo estilo foi se depurando com o passar dos anos.Autor de uma obra fragmentada em inúmeros artigos, ensaios, prefácios e introduções, Carpeaux foi também um ativo intelectual que desempenhou importante papel de mediador cultural, contribuindo assim para o processo de formação do leitor culto no Brasil. Isto se deveu, em grande parte, à sua atuação na imprensa, comentando autores pouco divulgados entre nós àquela época, como Franz Kafka, de quem foi um dos primeiros comentadores, ou totalmente desconhecidos, como o holandês Simon Vestdijk e o eslavo Ivan Cankar.