Neste artigo exploro aspectos relacionados aos parentes chamados de osikirip (termo traduzido como especiais, em português) pelos indígenas Karitiana. Tento compreender o que os distingue dos demais parentes: a especificidade de seus corpos e de seu comportamento. Em seguida, discuto duas explicações para a existência dessas pessoas: a raiva da mulher pelo marido na gravidez e a falta de cuidado de ambos ao usar as vacinas do mato no recém-nascido. Tal displicência gera o estado popopo (traduzido, a depender do contexto, como bêbado, louco e como morto) que, por sua vez, também pode transformar o Karitiana em especial. Discuto, ainda, sobre a adesão do grupo aos medicamentos psicotrópicos, receitados pelos médicos aos especiais. Sugiro que o uso dos remédios não indígenas não implica na ausência de especificidades na reflexão e nas práticas do grupo a respeito desses parentes osikirip.