A hepatite autoimune (HAI) é uma doença crônica caracterizada pela inflamação e destruição progressiva das células hepáticas, resultante de uma resposta imunológica desregulada. Acomete predominantemente mulheres, em qualquer faixa etária e possui duração e sintomas variáveis. Embora a etiologia exata da doença não seja completamente compreendida, acredita-se que a patogênese envolve uma complexa interação entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Diversos agentes foram sugeridos para o desenvolvimento da HAI, como a associação com outras doenças autoimunes ou a ocorrência de alguma infecção prévia, uma vez que tais agentes agiriam como um gatilho, desencadeando uma resposta imune em indivíduo geneticamente predisposto. De forma mais recente, relatos associando a infecção pelo SARS-CoV-2 à HAI vem ganhando força. Acredita-se que o vírus possa quebrar a tolerância imunológica devido ao aumento das citocinas inflamatórias relacionadas à infecção e desencadear uma resposta imune desregulada. Essas mesmas citocinas inflamatórias também desempenham papel importante no processo inflamatório da HAI. Portanto, é razoável considerar que a COVID-19 pode desencadear o início ou uma reativação da HAI. O diagnóstico precoce é fundamental para o início do tratamento adequado com imunossupressores e reduzir a inflamação, preservando a função hepática e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, o acompanhamento regular e o monitoramento cuidadoso são essenciais para avaliar a resposta ao tratamento, ajustar a terapia conforme necessário e identificar complicações precocemente. O conhecimento contínuo e a conscientização dos profissionais de saúde sobre essa condição são essenciais para proporcionar um cuidado efetivo e melhorar os resultados clínicos dos pacientes afetados pela hepatite autoimune decorrente da Covid-19. Esse estudo busca relatar o caso de uma paciente do sexo feminino internada no Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch, localizado na Zona Sul da cidade de São Paulo, diagnosticada com HAI após infecção por Sars-CoV-2 e determinar as características clínicas da doença, formas de diagnóstico, tratamento e prognóstico através de revisão da literatura e relacionando com o caso apresentado.