As embarcações tradicionais costeiras são tema de grande popularidade. Ainda comuns em toda a costa, tanto os cenários da navegação quanto as embarcações tradicionais, forçam a reflexão acerca das origens, adaptações e transformações presentes em características, petrechos e tralhas que, na realidade, materializam a multiplicidade de influências étnicas da rica náutica brasileira. Trata-se de um capítulo da Arqueologia Indígena ainda em aberto. O que se pretende com o presente trabalho é, justamente, focar na contribuição eminentemente indígena, um estudo arqueológico e etnohistórico de origens da navegação indígena brasileira. Para tanto, foram sistematizados os dados disponíveis nos relatos, crônicas documentos oficiais do século XVI em que as embarcaçõs idígenas se fizeram presentes. O recorte geográfico que circunscreveu às regiões Sul e Sudeste se fez necessário em razão das dimensões e escôpo do trabalho que aqui se denomina, as águas de Morpion, para utilizar um recorte geográfico igualmente indígena. Nas páginas que seguem os tipos, os usos e as técnicas construtivas das diferentes embarcações indígenas são detalhadas, sempre acompanhadas das fontes originais de cada um dos dados utilizados.