Pacientes internados em unidade de terapia intensiva que não adotam postura antigravitacional apresentam maiores chances de óbito

Abstract

RESUMO Ainda há poucos marcadores de desempenho funcional com capacidade de predizer óbito em unidades de terapia intensiva (UTI). O objetivo do presente estudo foi identificar a associação entre a não adoção de postura antigravitacional e óbito em pacientes internados em uma UTI adulto. Trata-se de um estudo retrospectivo e analítico, realizado através da análise de prontuários. A associação entre a não adoção de postura antigravitacional e óbito foi testada por regressão logística múltipla ajustada por sexo, idade, gravidade da doença (mensurada pelo Acute Physiology and Chronic Health Classification System II [Apache II]), tempo de ventilação mecânica invasiva (VMI) e tempo de sedação. A odds ratio (OR) foi estimada com intervalo de confiança de 95%. Foram incluídos no estudo 92 pacientes sequenciais. Houve forte associação entre a não adoção de postura antigravitacional em UTI e óbito (ORajustada=37,7; IC=4,76-293; p=0,001). Conclui-se que pacientes que não adotaram postura antigravitacional durante o internamento em UTI apresentaram chances muito mais elevadas de mortalidade. Essa simples estratégia de classificação da capacidade funcional de pacientes críticos pode ser utilizada rotineiramente por equipes de saúde como uma variável simples e dicotômica de prognóstico de mortalidade em UTI.

Fisioterapia e tempo de internamento em Unidade de Terapia Intensiva

“…Deste modo, a fisioterapia nos cuidados intensivos demonstra sua relação direta na proporção de melhores condições ao paciente crítico através do manejo das condições ventilatórias, intervenções que envolvem técnicas de cinesioterapia e respiratórias, manejo do suporte de ventilação e desmame (Santos et al, 2019), além de atuar também com ênfase na promoção do movimento, através da mobilização precoce e outros protocolos de tratamento (Leal & Freita-Vilela, 2021;Machado et al, 2017;Rotta et al, 2018;Furtado et al, 2020). Nesse sentido, observa-se a importância da fisioterapia no processo de alta da unidade de terapia intensiva, o que traz benefícios tanto ao paciente, quanto para ao hospital, reduzindo os custos hospitalares com esses indivíduos (Souza et.…”

Limited Mobility to the Bed Reduces the Chances of Discharge and Increases the Chances of Death in the ICU

“…Studies show that activities such as assisted or independent walking in the ICUs are still related to younger individuals, which corroborates our findings, in which younger individuals are less likely to evolve with low mobility [ 1 , 17 ]. Although it is well established in the literature that immobility contributes to an increased risk of delirium, aspiration pneumonia, pressure ulcers, muscle weakness, and prolonged hospital stay, among other factors, most elderly people are encouraged to stay in bed, with the main factor the prevention of falls during hospitalization, even the elderly are at increased risk of developing sarcopenia, which is an important marker of functional decline [ 4 , 19 , 20 , 21 ].…”

“…In the practice of progressively increasing mobility, the evolution from the decubitus position to bedside sitting is one of the first activities performed from the moment they acquire clinical and hemodynamic stability, characterizing the initial kick-off of increased mobility in the ICU [ 4 , 10 ]. Evolving an individual from the decubitus position to bedside sitting reduces the time at rest, favors pulmonary ventilation, stimulates cervical and trunk control, contributes to neurological and cardiovascular adaptations, and allows the individual to perform limb and trunk movements in a more functional form than in decubitus [ 20 ]. However, the results of the present study suggest that it is not enough to favor greater chances of hospital discharge, although there are conditions intrinsic to the individuals, such as the presence of accesses, tubes, and chest tubes, which can be interpreted as barriers to increased mobility [ 15 , 22 , 23 ].…”

“…Similarly, activities that involve complete verticalization while still close to the bed, such as orthostasis, transfer from bed to chair, and stationary gait, considered in this study as moderate mobility, are performed as a form of mobility progression until the individual becomes able to walk away assisted or actively under bed supervision [ 20 , 24 ]. Although with greater benefits than low mobility, the percentages of death and readmission were still higher than in the high mobility group, who walked in the unit, with walking perhaps the key to minimizing the chances of negative outcomes in the ICU [ 20 , 24 ].…”

Intervenção fisioterapêutica no ambiente hospitalar: diálogos contemporâneos

“…A mobilização precoce é um dos elementos da fisioterapia que visa reduzir a incapacidade, além de aprimorar a funcionalidade física, que incluem mudança de decúbito, mobilizações ativas e passivas, posicionamento adequado no da pressão do balonete do tubo orotraqueal para a prevenção de broncoaspiração e pneumonias associadas à VM (FELICIANO et al, 2012; . MARTINEZ et al, 2015;MURAKAMI et al, 2015;SANTOS, G. O. et al, 2019;SARTI;VECINA;FERREIRA, 2016).Apesar do racional teórico, as evidências da reabilitação precoce do paciente neurocrítico ainda são discretas pelo pequeno número de estudos disponíveis na literatura e por ser uma prática que ainda encontra barreiras nos diversos serviços de terapia intensiva no mundo incluindo o Brasil. A carência de recursos materiais e humanos e a inexperiência das equipes multidisciplinares têm sido vistos como os…”