RESUMOQuando nasce uma criança com deficiência, o discurso do profissional da saúde no momento do diagnóstico assume um papel importante na forma como os pais irão lidar com essa nova e indesejada situação de vida. O presente trabalho teve por meta verificar as implicações do modo como é dado o diagnóstico médico e as orientações aos pais de crianças com deficiência, no seu processo de aceitação. Os dados foram coletados através de entrevistas individuais com oito pais de crianças com deficiência. As entrevistas foram transcritas e submetidas à análise de conteúdo. As cinco categorias identificadas demonstram que o diagnóstico é um momento importante para o processo de aceitação da criança com deficiência e para sua inclusão na família e na sociedade. Rcncxtcu/ejcxg: saúde; diagnóstico; criança com deficiência.
ABSTRACT Diagnosis and its Implications in the Acceptance Process of the Child with Disability:A Qualitative Study When a child is born with a disability, the speech of the health professional at the moment of diagnosis has an important role in the way that parents deal with this new and unexpected life situation. This paper aimed to verify the implications of the way that the diagnosis is given and provide guidance to parents of children with disabilities in their acceptance process. Data were collected through individual interviews with eight parents of children with disabilities and submitted to a content analysis. The five identified categories indicated that diagnosis was an important moment for the parent's acceptance process and for the child's inclusion in the family and society. Mg{yqtfu: health; diagnosis; children with disabilities.Quando um a criança nasce, deposita-se nela uma série de expectativas que habitam o imaginário familiar e que foram idealizadas durante os nove meses de preparo e espera. Na verdade, os pais elaboram a ideia de ter um filho ainda na infância e, ao tornarem-se adultos, a criança desejada passa a existir mais intensamente no imaginário de cada um, possuindo características que correspondem aos seus próprios anseios e necessidades. Um filho representa a imortalidade dos pais, que o idealizam como um digno sucessor ou, se constitui num resgate de tudo o que não foi possível realizarem em suas vidas, sustentando a ilusão de que através dele isto será possível. Assim, um filho é, tanto para a mulher quanto para o homem, um investimento narcísico (Goes, 2006;Goldenstein, 1998; Maldonado, Dickestein & Nahoun, 2002;Molina, 1998). Desse modo, o nascimento de um bebê com deficiência gera um sentimento aterrador de impotên-cia e ambivalência em todos aqueles que estão envolvidos com o seu nascimento, especialmente os pais, para quem a criança incorporava diversas expectativas em relação ao futuro. Para esses pais, além de sobrepor-se uma carga de luto e adaptação, há a necessidade de aprender formas de cuidados especiais, tornando-se um desafio o exercício das mesmas. O bebê idealizado deixa de existir, uma vez que as divergên-cias entre a criança ideal e a real são muitas veze...