Paisagens urbanas: narrativas de Porto Alegre em perspectiva

Abstract

Neste artigo, apresentamos um panorama histórico e geográfico da cidade de Porto Alegre em 12 obras da literatura produzida por autores que nasceram, viveram ou vivem nesta mesma cidade. A partir desse panorama desenvolvemos um pensamento-paisagem (Collot, 2011) composto pelas narrativas, verificando os itens mais importantes da cidade que aparecem como um conjunto de referencialidade para sua construção. Nos amparamos nos estudos de Collot (2007 e 2011) e Westphal (2007) para paisagem e geografia; Sarlo (2005), Harvey (1999) e Jacobs (2001) para cidade; Franco (1992) e PESAVENTO (2002) para historia de Porto Alegre.

O funcionamento do equívoco no discurso literário: literal e(é) metafórico no conto ‘O homem podre’ de Natália Borges Polesso

“…Tomemos, primeiramente, o título do conto de Polesso a fim de analisar os processos de produção de sentidos engendrados no fio do discurso. 'O homem podre' (Polesso, 2018) é um enunciado que, no cotidiano, é tomado como uma metáfora. Temos, então, que: qualificar algo ou alguém como 'podre' requer uma interpretação contextual capaz de desfazer a 'ambiguidade' entre o que é concebido como literal e metafórico.…”

“…Se no discurso de esquerda que se contrapõe ao 'cidadão de bem', vemos uma crítica acirrada aos valores atribuídos à designação pelo discurso conservador, no conto de Polesso (2018), essa crítica se faz presente pelo processo metafórico que faz esse cidadão ser agente de ações como olhar a mulher julgando seu envelhecimento, rir-se do vizinho, furar o sinal e, por assim dizer, apodrecer. O deslocamento do enunciado 'cidadão de bem' para a FDE faz emergir, diferente do que aconteceria no deslocamento para uma eventual formação discursiva de esquerda, a multiplicidade de sentidos e não o seu fechamento em um sentido único oposto ao conservador.…”

“…Trocoli (2015, p. 104) 8 , embasada na psicanálise lacaniana, diz: "Aquilo que foi exilado do universo simbólico retorna como literal". O apodrecimento literal, no conto de Polesso (2018), retorna, por assim dizer, da expulsão, no âmbito do possível do discurso dominante, da associação metonímica 'homem podre' -'cidadão de bem'. A construção estética do conto, podemos dizer, retroage sobre os saberes dominantes, os quais constroem a 'realidade' como unívoca e transparente, fazendo emergir o equívoco no próprio fio do discurso.…”

“…Acta Scientiarum. Language and Culture, v. 45, e64620, 2023 Na análise do conto 'O homem podre', de Natália Borges Polesso (2018), observamos o funcionamento dos processos metafórico e metonímico em relação com o equívoco próprio ao discurso, e princípio do qual a estética, enquanto discurso das artes historicamente situado, parte. A partir do batimento entre descrição e interpretação e do movimento pendular entre teoria e análise (Cf.…”

“…Polesso, 2020) que nos interessa, mas a relação com o equívoco que a arte, em maior ou menor grau, convoca. Para esta análise, tomaremos o conto 'O homem podre', publicado na coletânea Recortes para álbum de fotografia sem gente (Polesso, 2018), por convocar explicitamente o absurdo, a metáfora e a metonímia a fim de fazer moverem-se as redes estabilizadas de sentidos, conceitos que são fundamentais para a consideração da literatura no âmbito teórico da Análise do Discurso.…”