A cidade de Petrópolis tem sua formação vinculada às atividades que amparam a Corrida do Ouro no Brasil durante o século XVIII, sobretudo a partir da abertura do Caminho Novo da Estrada Real. A fundação oficial da cidade ocorreu em março de 1843, com a construção de um palácio de veraneio da Família Real e vila colonial para povoamento do território e, posteriormente, ao longo do século XX, se desenvolveu devido a economia cafeeira e produção industrial têxtil. Atualmente, Petrópolis se tornou um polo turístico e de veraneio apresentando um centro histórico razoavelmente preservado, destacando-se pelo comércio local e tradicional de tecidos. Além de agregar valor à economia do turismo, a preservação do patrimônio e da paisagem cultural é de extrema importância seja para o registro histórico e da memória local como também para manutenção da coesão social e dos vínculos com o território. São estes aspectos, amparados pelos diferentes elementos da morfologia urbana, que permitem aos grupos humanos estabelecerem relações identitárias com o lugar. Neste cenário, as chuvas intensas de fevereiro de 2022 geraram danos materiais e imateriais e evidenciaram as condições de vulnerabilidade e carência social que, em conjunto a destruição do patrimônio e da paisagem, fragilizam a consolidação da identidade cultural. Apesar da rápida recuperação das atividades turísticas e comerciais na porção central da cidade, as enchentes e deslizamentos recorrentes na cidade representam um risco a preservação do patrimônio histórico, uma vez que observa-se a intensificação destes fenômenos com o avanço das mudanças climáticas globais além da continuidade da ocupação urbana sobre encostas de morros e linhas de drenagem, condição que favorece e potencializa tragédias semelhantes à ocorrida em 2022.