Objetivo: Analisar a representação das enfermeiras retratadas pela mídia brasileira no contexto que antecede a pandemia de Covid-19 e as mudanças nessas representações a partir da crise pandêmica. Métodos: Trata-se de um estudo exploratório, de abordagem qualitativa, que utilizou a pesquisa documental. O corpus foi constituído por publicações do Conselho Regional de Enfermagem do estado de São Paulo, que, aplicados os critérios de inclusão, foi submetido à análise de conteúdo. Resultados: Foram selecionadas nove publicações, cuja análise de conteúdo evidenciou duas categorias empíricas: A Invisibilidade e Discriminação da Enfermagem nas Representações Midiáticas e A Representação da Enfermagem na Pandemia de Covid-19: o discurso da super-heroína. A análise revelou que as representações que antecedem a pandemia vão da invisibilidade à objetificação sexual. No contexto pandêmico, as narrativas evidenciam a enfermeira como uma figura heróica, o que invisibiliza as contradições e desafios da profissão, cerceando o exercício de direitos. Conclusão: A despeito da visibilidade da profissão nas mídias a partir da pandemia, as entrelinhas dos conteúdos revelam representações estereotipadas e discriminatórias. Essas narrativas, que forjam imaginários e identidades, operam como obstáculos para o reconhecimento da profissão como prática científica e social e de seu papel central no sistema de saúde.