“…Enquanto prática de socialização, o bullying assenta-se em um jogo de diferenças e oposições mobilizado para a organização de poder e hierarquias sociais entre jovens que, de tal modo, promove a inculcação de códigos de comportamento, valores e relacionamento socialmente convencionados de gênero. Apesar das intersecções entre gênero e sexualidade nas experiências de meninas com bullying permanecerem pouco exploradas, diversos estudos sobre bullying homofóbico e misógino têm apontado como essa modalidade de violência atua na reivindicação e conformação da sexualidade dentro dos limites das normas tradicionais de gênero (RENOLD, 2005;SILVA;MENEZES, 2017). Essa literatura tem aportado à compreensão do bullying tanto como uma prática de gênero, ao constituir-se uma importante ferramenta de negociação de papéis e status nos grupos de pares (DUNCAN, 2004;GOODWIN, 2006;ARMSTRONG et al, 2014), quanto como um processo de gênero, contribuindo na produção e regulação de significados sobre normas e expectativas de gênero (RINGROSE, 2008;PEREIRA, 2012), informando aos adolescentes como o gênero deve -e não deve -ser desempenhado.…”