Na descrição convencional, deputados são motivados por ambição estática ou progressiva, adotando estratégicas eficazes para a manutenção de sua cadeira ou mobilidade na hierarquia de postos políticos. Isto poderia significar, então, que padrões de carreiras políticas são homogêneos, com bases sociais, recursos eleitorais e trajetórias semelhantes, mesmo quando se trata de partidos ou famílias ideológicas diferentes? Os resultados desta pesquisa sugerem que não. Analisamos as variações observadas nos padrões de recrutamento legislativo, entre partidos de esquerda e de direita, em três países da América do Sul (Brasil, Chile e Uruguai), identificando elementos explicativos para dar conta das diferenças encontradas nas carreiras políticas de deputados eleitos.Este artigo pretende oferecer uma explicação dos diferentes padrões de recrutamento legislativo, elaborando modelos de bases sociais e carreira política de elites, baseados na articulação entre 1) mobilização de recursos políticos eleitorais individuais ou partidários derivados da posição social, tendo em vista a ocupação profissional e a mobilização de recursos coletivos de organizações e associações sociais, e 2) existência de diferentes estratégias partidárias de seleção de candidatos, associadas aos recursos sociais dos candidatos, à posição ideológica e ao tempo de existência de cada organização partidária.Nesse sentido, a hipótese central que orienta a investigação supõe que diferenças observadas nos padrões de carreira política possam ser explicadas pelas variações no perfil social e pelos recursos individuais dos candidatos eleitos por cada legenda partidária: os partidos à esquerda, de origem ideológica e mais longevos, recrutam suas bancadas predominantemente no setor pú-blico, na classe média assalariada, entre sindicalistas, lideranças associativas e lideranças de mo-