A piscicultura brasileira se encontra em constante crescimento, sendo que 34,7% dessa produção é proveniente de espécies nativas. Dentre as espécies nativas se destacam os bagres, peixes de couro que não apresentam espinhos intramusculares e são bem aceitos pelo mercado consumidor. A presente revisão aborda a relação entre produção e pesquisa dos principais bagres nativos do Brasil (Pseudoplatystoma e Rhamdia quelen) e traz um panorama sobre os principais estudos ligados às exigências nutricionais destas espécies. Tem ainda a finalidade de embasar novas pesquisas e fornecer um compilado de trabalhos que podem auxiliar na formulação de dietas específicas para estas espécies. Foram identificados quatro pontos relevantes nesta revisão: (i) a produção de surubim é basicamente focada em peixe híbridos, enquanto que para as pesquisas há uma variedade muito grande nas espécies utilizadas; (ii) é necessária uma adequada padronização das dietas em termos de balanço nutricional e aspectos de fabricação como extrusão ou peletização; (iii) são escassas as dietas comerciais específicas para espécies nativas, especialmente em se tratando de micronutrientes, possivelmente impactando a indústria com poucas opções comerciais e linha de produtos; (iv) discrepância entre as pesquisas científicas com nutrição e o volume de produção comercial dessas espécies. A produção de peixes com limitado conhecimento nutritional é possível, porém requer um esforço comum entre a academia e a cadeia produtiva. O desenvolvimento de uma estratégia científica na área de nutrição alinhada com os interesses da indústria é indispensável para a expansão da atividade.