A pandemia da COVID-19 pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) tem se apresentado como um dos maiores desafios sanitários em escala global deste século. No Brasil, os desafios são ainda maiores, devido às características de transmissão da COVID-19 num contexto de grande desigualdade social, com populações vivendo em condições precárias de habitação e saneamento, sem acesso sistemático à água e em situação de aglomeração. Neste contexto surge a necessidade de descrever os impactos da pandemia de COVID-19 em um estabelecimento penal no sul do Brasil. Este trabalho é um estudo descritivo retrospectivo com coleta de dados primários de natureza quantitativa. Objetivando descrever os impactos da pandemia de COVID-19 na saúde de mulheres em situação de cárcere na Penitenciária Sul Feminina de Criciúma, município localizado em Santa Catarina. Os resultados mostraram que, a maior parte das mulheres em situação de cárcere são jovens entre 18 e 35 anos, a prevalência de COVID-19 no estabelecimento penal foi de 18,8%, sendo que todas as mulheres infectadas foram atendidas pela Unidade Básica de Saúde responsável e a maior parte delas foi tratada com medicações específicas utilizadas de modo “off label”. Ademais, houve uma morte contabilizada, indicando a letalidade de 1,7% da infecção por COVID-19 em um estabelecimento penal, portanto, quase o dobro da letalidade na população geral. Os impactos da pandemia por coronavírus foram extensos em todo o mundo, especialmente em grupos sociais marginalizados e com marcadores étnico-sociais minorizados, sendo as mulheres em situação de cárcere permeadas por diversos destes fatores de risco modificáveis determinados pela realidade social, o que as categoriza como uma população de risco para esta infecção.