Percepção de enfermeiras obstetras sobre o modelo e prática assistencial em uma maternidade filantrópica

Abstract

Objetivo: conhecer a percepção de enfermeiras obstetras sobre o modelo e prática assistencial em uma maternidade filantrópica. Método: estudo qualitativo com 13 enfermeiras obstetras que trabalham em uma maternidade mineira, coleta de dados de setembro de 2015 a fevereiro de 2016 por meio de entrevista semiestruturada, utilizando-se Análise de Conteúdo. Resultados: emergiram com categorias: Atuação pautada na humanização e nas boas práticas; Autonomia para atuar; Profissional de referência para tomada de decisões; Atuação em equipe e Modelo de atuação. Discussão: verificou-se que as enfermeiras atuam com autonomia em equipe, não nomeiam um modelo de assistência e apontam a demanda de serviço e o modelo tecnocrático como dificultadores. Considerações finais: apoio e suporte dos gestores são importantes para a atuação das profissionais, contribuindo para um trabalho autônomo. Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem superados tanto no âmbito da equipe e comunicação, quanto do suporte dos gestores.

Non-invasive technologies in assisting high-risk parturient women: nurse-midwives’ perceptionss

“…Para tanto, conta--se com uma equipe de enfermagem composta de um quantitativo inferior às demandas de atendimento da instituição. Neste contexto, estas se sentem frustradas diante da única opção que lhes resta: priorizar a assistência às mulheres que necessitam de um acompanhamento mais próximo em detrimento ao cuidado integral, com o oferecimento das tecnologias não invasivas de cuidado para todas as parturientes (4,(11)(12)(13) .…”

“…No trabalho da enfermagem, a intensificação resulta do déficit de trabalhadores, da excessiva carga e do ritmo laboral, da especificidade do cuidar de diversos pacientes, da diversidade de funções gerenciais e assistenciais, assim como, do desgaste psíquico, inerente às atividades profissionais desenvolvidas no ambiente hospitalar. Consequentemente, essas condições de trabalho interferem negativamente sobre a qualidade do atendimento, o bem-estar e a satisfação dos trabalhadores, desencadeando a despersonalização e a desmotivação no trabalho (4,(11)(12)(13)(14) .…”

“…Sob esta ótica, ainda que por questões éticas e legais no exercício da profissão não esteja prevista a assistência isolada das enfermeiras obstétricas no parto de gestantes de alto risco, essas especialistas podem contribuir com um cuidado humanizado, seguro, qualificado e com alto grau de satisfação para as mulheres com a utilização das tecnologias não invasivas de cuidado, definidas como um conjunto de saberes estruturados que têm como finalidades principais: incentivar a autonomia feminina; favorecer a parturição, com o mínimo de intervenção e invasão sobre o corpo das mulheres; e promover uma vivência positiva e prazerosa do parir e nascer (3)(4)(5) .…”

“…Ressalta-se que algumas dessas ações podem ser mediadas por instrumentos industriais, como o rádio para música ambiente, bola suíça, cavalinho, chuveiro, banheira, banqueta e óleos essenciais (3) . Apesar dos resultados obstétricos positivos advindos desse processo de cuidar, sabe-se que as enfermeiras obstétricas podem se deparar com dificuldades para usar as tecnologias não invasivas de cuidado, sobretudo em ambientes altamente medicalizados, como os encontrados nas maternidades de alto risco, onde predominam o enfoque na patologia, os saberes biomédicos e as intervenções (2)(3)(4)6) . Nesse contexto, emergiu o seguinte questionamento: Quais fatores se relacionam com o uso das tecnologias não invasivas de cuidado na assistência às parturientes de alto risco na percepção das enfermeiras obstétricas?…”

A inserção da enfermeira obstétrica na assistência hospitalar ao parto

“…Romper com a assistência intervencionista é um processo de emancipação para todos os profissionais que atuam em obstetrícia. Uma alternativa que pode contribuir para esse processo, sugerida pelas entrevistadas e também identificada na literatura (1,9,19), é a criação de espaços que possibilitem o diálogo aberto e honesto entre os profissionais, permitindo a troca de conhecimentos, reflexões sobre suas práticas e o estabelecimento dos direitos e deveres de cada categoria.…”