O processo de morte e morrer é fato iminente na vida humana e faz parte da realidade dos profissionais da área da saúde. Estudos indicam que os profissionais apresentam dificuldades para realizar o manejo e a assistência à pessoa que experiencia uma perda, principalmente quando ocorre no início da vida, como é o caso dos óbitos fetais. O objetivo do estudo foi identificar as dificuldades da equipe de enfermagem no cuidado à mulher com diagnóstico de óbito fetal. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de abordagem Convergente Assistencial, realizada em uma maternidade do sul do Brasil. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2014 e maio de 2015, a partir de uma prática educativa com 23 profissionais da equipe de enfermagem. A análise seguiu quatro etapas – apreensão, síntese, teorização e transferência. Os resultados demonstraram que os profissionais apresentam dificuldades de enfrentamento da perda fetal na maternidade. Há falhas na comunicação entre os profissionais e a mulher, por não se sentirem preparados para atuar nesta situação. Por outro lado, a comunicação não verbal por meio do silêncio, respeito no tempo da fala, olhar preocupado, espontaneidade dos gestos e carinho, foram apontados como importantes estratégias de enfrentamento da morte. As condutas da enfermagem no processo de parir na perda fetal também influenciam esta experiência, sendo relevante a oferta de métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto e parto e o cuidado integral individualizado. Falhas estruturais e organizacionais da instituição, que não assegurava a privacidade das mães enlutadas durante o atendimento, foram apontadas como empecilho neste contexto. O estudo mostrou que as principais dificuldades enfrentadas pela enfermagem no cuidado à mulher que vivencia o óbito fetal dizem respeito a falhas na formação profissional e problemas estruturais da instituição.