Os estudos sobre a juventude e os cursos da vida revelam a ambivalência entre o desejo de ser e permanecer jovem e o imaginário em torno dos “perigos” trazidos por esse grupo. Diversas discussões encontram-se focadas nas problematizações em torno de jovens pobres, principalmente aqueles que fazem uso de drogas, sobre os quais se realiza uma abordagem imbuída pela falta, pela criminalização ou pela medicalização. Partindo de uma compreensão social sobre o tema e a desconstrução de estereótipos calcados no imaginário social, buscamos identificar as redes sociais, formais e informais, de jovens que dizem que usam drogas ilícitas, na periferia urbana de um município de médio porte de São Paulo. Para tanto, realizou-se um trabalho de campo de base etnográfica, por dois anos, junto àqueles que nos diziam que precisavam ou já precisaram de algum auxílio devido ao uso de drogas. Apresenta-se a história de Pedrinho e os seus caminhos tecidos para a obtenção de suportes, centrados em sua mãe, numa colega da prostituição e em dois líderes religiosos, um pastor e um pai de santo. A análise de suas redes sociais, principalmente as de cunho religioso, ressalta a ambivalência presente e revela o suporte fornecido na relação com as pessoas, desconstruindo os discursos acerca da “salvação” de usuários de droga pela fé. O caráter informal de suas redes demonstra os agenciamentos trazidos pela vida, permitindo-nos alicerçar Pedrinho como parte de uma realidade possível e que transcende as instituições formais de auxílio, que não ofertaram repostas condizentes à sua realidade.