Perfil Epidemiológico Da Sífilis Congênita No Rio De Janeiro No Período De 2017 a 2021

Abstract

Área temática: EpidemiologiaINTRODUÇÃO: A sífilis congênita (SC) é uma patologia transmitida pela gravida com sífilis tratada inadequadamente ou não tratada para a criança no período gestacional, o que pode ocasionar aborto, morte, má-formação ou sequelas no bebê. No Brasil, a SC é uma doença de notificação compulsória por meio da portaria 542/1986, caracterizando-se como uma enfermidade extremamente relevante pela alta prevalência, em especial no estado do Rio de Janeiro (RJ). OBJETIVO: Descrever o perfil epidemiológico de casos notificados de SC no RJ entre os anos de 2017 a 2021. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo transversal de abordagem quantitativa, observando-se no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-DATASUS) as variáveis de ano de diagnóstico, sexo biológico, faixa etária, raça, presença de sífilis materna, realização de pré-natal, tratamento no parceiro, escolaridade da gravida e evolução nos casos notificados de SC no período de 2017 a 2021 no estado do RJ. RESULTADOS: Obteve-se o registro de 19.622 casos em RJ entre 2017-2021, com pico no ano de 2017 (4510) e cerca de 90,53% das notificações ocorrendo até o ano de 2020. Com relação ao Brasil, RJ possui 18% dos diagnósticos no período relatado, sendo o estado mais prevalente do país. Acerca das variáveis de sexo, raça e faixa etária, o mais comum encontrado foi homens (47,34%), pardos (48,80%), diagnosticados até o 6º dia de vida (84,50%). Evidencia-se, também, que a grande maioria das gestantes não possuía formação superior (19.473). Referente ao pré-natal, 80,34% das gravidas realizaram, sendo mais da metade (10364), diagnosticadas com sífilis durante o mesmo. Entretanto, os dados de tratamento do parceiro demonstraram que apenas 10,86% dos homens (2.131) tiveram o cuidado adequado. Das 19.622 notificações, 1,82% (339) culminaram em óbito por sífilis congênita. A taxa teve estabilidade até o ano de 2020, mas, no ano de 2021, teve um decréscimo significativo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Observa-se que o maior índice de notificações de SC encontra um perfil masculino, pardo e diagnosticado até o 6º dia de vida. É possível que o maior índice de diagnósticos até 2020 esteja associado à amplificação da testagem, realização do pré-natal e progressão da epidemia, ao passo que, após esse período, a redução brusca nos casos notificados pode ter relação com subdiagnóstico devido à pandemia pelo novo coronavírus. Nota-se uma brecha na assistência pública no que tange à busca ativa dos parceiros para tratamento adequado, necessitando maior investigação para desvendar as razões. Ademais, evidencia-se que há importância na manutenção de políticas eficazes, como a testagem gratuita, garantia do acesso ao pré-natal e tratamento para sífilis adquirida, porém, ainda é crucial envidar medidas mais eficientes para abranger o cuidado eficaz aos parceiros diagnosticados, assim, atuando efetivamente na promoção da saúde e na prevenção e intervenção precoce da sífilis congênita.