RESUMO -Os autores registram três casos de persistência da artéria trigeminal primitiva em que não foram encontradas evidências de relação entre a presença dessa anomalia vascular e dada síndrome clínica específica. Comentam aspectos embriológicos e discutem a possibilidade de relacionar a persistência dessa artéria primitiva com o tic doloroso e com alterações morfológicas do polígono de Willis. Fazem análise crítica da correlação feita por vários autores entre a persistência dessa artéria primitiva e outras patologias intracranianas. Persistent primitive trigeminal artery: a critical review SUMMARY -The authors report three cases of persistence of primitive trigeminal artery with no evidence of a relationship between its presence and any specific clinical syndrome. They discuss embryological aspects and stablish the correlation between the presence of this malformation and other intracranial pathologies, such as «tic douloureux» and morphologic alteration of the circle of Willis. A critical review of the literature is also presented.Durante o período embrionário, a anastomose do sistema carotideano com o siâtema vértebro-basilar faz-se através de três artérias: a artéria trigeminal primitiva, a .artéria acústica primitiva e a artéria hipoglossa primitiva. Destas, a artéria trigeminal primitiva (ATP) é a mais proeminente, é vista quando o embrião atinge 4 mm e proporciona maior aporte sanguíneo ao mesencéfalo e rombencéfalo, desaparecendo quando o embrião atinge 14 mm 10,15,25. A persistência destas anastomoses pode ocorrer, sendo mais comum a da ATP 3-6,8,11,15,16,23. o significado clínico da persistência desta artéria primitiva é bastante controvertido, no que diz respeito à associação dessa anomalia vascular com outras patologias intracranianas 4 . Muitos autores têm publicado estudos sobre este assunto fazendo, em alguns deles, relação causal direta entre a persistência da ATP e várias outras patologias intracranianas 6,8,9,11-14,25. o questionamento sobre esta relação causal direta tem sido constante, levando a ser aceito por vários autores que a relação é apenas uma coincidência pois, na maioria dos estudos publicados, a persistência da ATP não evidencia relação entre esta e uma síndrome clínica específica 4 . Constituem exceção, entretanto, certas patologias como o tic doloroso 9-14 e algumas paresias de nervos cranianos 10,12 que, pelas relações anatômicas, poderiam ser comprimidos pela artéria anômala e, também, defeitos de desenvolvimento do polígno de Willis 1,4,6,13 associados a malformações tipo aneurisma. Esta investigação é fruto de revisão feita em estudos angiográficçs realizados durante um período de 15 anos. Constatamos a presença de três casos de persistên-cia da ATP. Não foi encontrada qualquer relação causal direta em dois casos e, em um, estava associada a presença de malformação tipo aneurisma. RESUMO -Os autores registram três casos de persistência da artéria trigeminal primitiva em que não foram encontradas evidências de relação entre a presença dessa anomalia vascular e dada síndrome ...