A pressão arterial (PA) é um parâmetro variável, sujeita a alterações no decorrer do dia, principalmente, durante situações de estresse físico e mental, o que torna o método clínico convencional de medida uma técnica limitada para definição diagnóstica da hipertensão arterial (HA). A introdução de técnicas não invasivas para medidas repetidas de PA permitiu a análise do perfil pressórico do indivíduo, fornecendo informações sobre as variações circadianas da PA e as alterações pressóricas decorrentes de mudanças de comportamento, sendo, portanto, mais indicadas para o diagnóstico da doença hipertensiva.Há muito, sabe-se que a PA eleva-se na presença do médico 1,2 , entretanto, foi com o advento da monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) que o aumento exagerado da PA, relacionado à visita, foi reconhecido e denominado fenômeno white coat ou efeito do avental branco. Esta elevação pressórica persistente no ambiente médi-co, quando atinge níveis característicos de HA e está associada a cifras ambulatoriais normais em outras ocasiões define um novo subgrupo de HA, denominado white coat hypertension, também conhecido como hipertensão de consultório (HC) ou hipertensão do avental branco, conforme denominação do II Consenso Brasileiro para o uso da monitorização ambulatorial da pressão arterial 3 . Conseqüentemente, este efeito causa uma superestimação da PA e um sobrediagnóstico de HA, tanto qualitativa quanto quantitativamente, sendo responsável pelo uso indevido de medicação anti-hipertensiva em alguns pacientes 4 . A prevalência desta elevação pressórica transitória em hipertensos tratados é alta 5 , entretanto, em trabalho recente, envolvendo 2400 hipertensos com controle inadequado da PA, Mancia e col 6 verificaram que os altos valores encontrados na clínica podem ser representativos de HA, sendo também reprodutíveis na MAPA e na medida domiciliar, indicando que a caracterização deste fenômeno deve ser precisa para que não haja, erroneamente, eventual suspensão terapêutica. 12 a 60% 13 . Alguns aspectos devem ser considerados no que se refere à prevalência e à freqüência da elevação pressórica no ambiente médico: 1) a freqüência da HC aumenta com a idade 14 e é de maior magnitude em idosos que em jovens 15 ; 2) o fenômeno é mais comum em mulheres 12 , especialmente quando a PA é aferida por um observador do sexo masculino 16 . A faixa etária tem influência nas mulheres, pois o efeito do avental branco é incomum em idosas acima de 80 anos 17 ; 3) em crianças, embora a experiência da MAPA seja limitada, Peco-Antic e col 18 mostraram que à semelhança do observado em adultos, mais de 1/3 dos pacientes pediátricos diagnosticados como hipertensos, pela leitura convencional, tiveram PA de 24h normal e foram classificados como portadores de HC; 4) em obesos, o fenômeno contribui consideravelmente para superestimar a prevalência de HA 19 ; 5) em tabagistas, foi observado menor efeito do avental branco que em não-tabagistas 20 ; 6) em diabéticos não insulino dependentes normoalbuminúricos, a prevalência de HC ...