A residência multiprofissional em saúde é considerada uma modalidade de formação estratégica para a qualificação de profissionais no campo da saúde coletiva e um espaço privilegiado de formação para o trabalho no Sistema Único de Saúde. No campo da saúde mental, é tida como uma aposta para o fortalecimento das práticas na perspectiva da atenção psicossocial, sobretudo quando não utiliza o hospital psiquiátrico como cenário de formação. Neste artigo, é discutida a formação para o trabalho em saúde mental a partir da percepção de ex-residentes de dois programas de residência em saúde mental realizados integralmente em serviços abertos e de base comunitária das redes de atenção psicossocial de dois municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte/MG. Foram realizadas entrevistas em profundidade com oito ex-residentes de diferentes categorias profissionais, que concluíram a formação entre os anos de 2012 e 2016. À luz das produções do campo da atenção psicossocial, as informações que emergiram foram analisadas em três grandes temas: formação em e na rede; suporte teórico-metodológico para o percurso formativo; e efeitos nas subjetividades e trajetórias dos entrevistados. Constata-se que os espaços mais potentes da atenção psicossocial são também os espaços mais potentes para a formação em saúde mental.