Pesquisa transdisciplinar como suporte ao planejamento de ações de gestão de risco de desastres

Abstract

O envolvimento científico com o tema de desastres se tornou crescente a partir da segunda metade do século XX 1 , assim como as recomendações internacionais sobre gestão de desastres e, mais recentemente, de gestão de riscos de desastres. Dentre as principais referências da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o tema, destacam-se a Década Internacional para Redução de Desastres (1990), o Marco de Ação de Hyogo (MAH) (2005)(2006)(2007)(2008)(2009)(2010)(2011)(2012)(2013)(2014)(2015) e o Marco de Sendai para Redução do Risco de Desastres (MASRRD) (2015)(2016)(2017)(2018)(2019)(2020)(2021)(2022)(2023)(2024)(2025)(2026)(2027)(2028)(2029)(2030).O MAH esteve vigente no período 2005-2015, tinha como principal objetivo o aumento da resiliência ante desastres e possuía cinco prioridades de ação: i) fomentar uma forte base institucional para assegurar que a Redução do Risco de Desastres (RRD) fosse implementada como prioridade no nível nacional e local; ii) conhecer e monitorar riscos no curto e longo prazo; iii) usar conhecimento, inovação e educação para resiliência; iv) reduzir fatores que acentuam os riscos; e v) fortalecer a preparação para a resposta a desastres. Em cada uma dessas cinco prioridades de ação, uma série de recomendações foi feita, e era clara a importância da pesquisa científica para valorizar o conhecimento tradicional e produzir novos conhecimentos, como também para gerar subsídios às ações de planejamento e implementação. Embora o MAH tenha feito importantes recomendações -como promoção de planos multisetoriais, participação comunitária, inovação, sistemas de alerta centrados nas pessoas, valorização das dimensões de gênero, etária, étnica etc. -, a menção explícita às questões de saúde foram marginais -três menções à palavra 'saúde', com destaque para um dos itens da quarta prioridade de ação, que versava sobre a necessidade de integrar o planejamento de RRD no setor saúde e promover a construção e manutenção de hospitais seguros 2 .O MASRRD, com início em 2015 e em vigor até 2030, expande a importância da participação de diversos setores e atores no tema, sobretudo do setor de saúde, referenciado 75 vezes ao longo do documento 3 . A mudança substancial do MAH para o MASRRD ocorreu na ênfase às ações de Gestão de Risco de Desastres (GRD), que incluem não só a RRD como também a prevenção para que novos riscos não sejam criados. A essa mudança de escopo, adiciona-se uma caracterização mais detalhada dos tipos de atores em RRD -uma novidade

Vulnerabilidade urbana e ferramentas aplicadas na gestão de risco de desastres hidrometeorológicos

“…The cloud of the keywords that was most widely cited in the selected articles Source: Prepared by the author (2022). The HA was based on the premise that greater resilience by nations and communities faced with hazards, leads them to give priority to DRR, with a strengthened institutional base, as well as making use of knowledge, innovation and education to create a culture of security and resilience at every level (adapted from Marchezini, 2020).…”

Is the national policy for payment of environmental services willing to prevent disasters?

“…13 Since 2015, forest fires have been impacting ecosystems and people on a higher scale, especially in the Amazon and Pantanal. Between 2004 and 2013, 25% of Brazilian municipalities presented disaster records annually (Valencio, 2014 14 apud Marchezini et al, 2020), which from 2013 to 2017 increased to 32% (Marchezini et al, 2020). The increase in disasters in Brazil, which are related to changes in land use, is also associated with unprepared institutional capacities and policies, changes in environmental bodies and political initiatives not committed to the goals of sustainable development (Pivello et al, 2021).…”

Traditional and local communities as key actors to identify climate-related disaster impacts: a citizen science approach in Southeast Brazilian coastal areas

“…This engagement must take place in all phases of the research, and the pre-research phase is fundamental to start building this participation in the research. This underscores the value of involving multiple, diverse stakeholders in climate action (Marchezini, 2020;Norstrom et al, 2020;Serrao-Neumann et al, 2020). The extent of this engagement is influenced by various factors, including individual profiles (Lee et al, 2015), as well as collective actions and cultural factors, which significantly shape community perspectives, especially regarding the impact of climate-related disasters on subsistence practices (Wannewitz and Garschagen, 2023).…”

“…In Brazil, several studies are in development to build a community-based disaster risk management (Marchezini et al, 2017(Marchezini et al, , 2018Marchezini and Londe, 2018;Marchezini, 2020). However, these initiatives need to consider the different social and cultural contexts of these communities in order to provide solutions at the municipal or country level.…”