A obra do professor Mangabeira Unger estende-se sobre distintas facetas da experiência humana, analisando e comparando diferentes exemplos nacionais de transformação política e econômica. Dentre os casos estudados, merecem atenção seus escritos sobre a China, país marcado por uma história ímpar de experimentalismos institucionais em um regime político caracterizado pela liderança de um partido-Estado comunista. O presente artigo tem como objetivo analisar a obra de Unger sobre a China, em específico, o seu exame sobre a relação paradoxal entre Estado, mercado e sociedade chineses. Por meio de revisão bibliográfica, examinam-se os apontamentos do autor ao longo das últimas quatro décadas, traçando paralelos, quando possível, com o atual contexto político-econômico chinês. A partir da análise da sua obra, conclui-se que o paradoxo apontado por Unger, nos anos 1990, entre experimentalismo institucional e contingências políticas, permanece impreterivelmente atual, ainda que a aparente tensão que poderia impulsionar uma democratização do regime comunista não tenha se confirmado. Ainda assim, o caso chinês, que antes constituía mais uma das experiências alternativas de cunho comunista, agora conforma eixo modular da política e da economia mundial, capaz de influenciar as dinâmicas socioeconômicas globais. Destarte, cabe refletir sobre as oportunidades e os limites que a alternativa chinesa apresenta a partir dos ensinamentos do professor Unger, em especial no campo jurídico-econômico a países em desenvolvimento.