Introdução: Apesar do avanço no conhecimento fisiopatológico da nefrolitíase, a avaliação do risco individual de formação e recorrência de cálculos renais por mensuração de fatores de risco na urina de 24 horas é muitas vezes difícil. Nosso objetivo é avaliar fatores de risco urinários associados à nefrolitíase, particularmente citraturia e a proporção cálcio/citrato em pacientes com cálculos renais recorrentes e naqueles sem litíase urinária. Método: 103 pacientes com nefrolitíase recorrente (30 homens e 73 mulheres) e 32 pacientes sem doença (11 homens e 21 mulheres) foram estudados retrospectivamente. Dados clínicos e laboratoriais foram colhidos de todos os pacientes. Resultados: Não houve diferença de idade entre os grupos (44,4±11,8 anos vs 43,3±17 anos). Na urina, houve aumento de volume, cálcio (189,6±98,7 vs. 150,7±107,3, p=0,029), sódio e oxalato (33,7±28,2 vs. 22,2±15,3, p=0,041) no grupo dos litiásicos, comparados ao grupo controle. A excreção urinária de ácido úrico e citrato foi similar entre os grupos, sem diferenças significativas. Houve correlação positiva entre a excreção de cálcio e citrato na urina dos pacientes litiásicos (r=0,41, p<0,001). Não foi possível utilizar a proporção cálcio/citrato para diferenciar os grupos, pois diferenças não foram encontradas. Conclusão: Em pacientes com nefrolitíase recorrente, os fatores de risco em urina de 24 horas necessitam ser interpretados como variáveis contínuas, e não intervaladas. Estudos prospectivos são necessários para determinar valores normais diários de citraturia e para avaliar o papel da hipocitraturia isolada na incidência, prevalência e curso clínico na formação de cálculos renais. Palavras-chave: citrato; nefrolitíase; cálculo renal; hipocitraturia.