Estado da ArteConforme dados do Serviço Único de Saúde referentes ao ano de 1996 (Ministério da Saúde -Secretaria Executiva -DATASUS), as doenças cardiovasculares são responsá-veis por 16% do custo das internações hospitalares no Brasil, representando um custo anual de quase 500 milhões de reais. Deste valor, quase 150 milhões de reais foram destinados ao pagamento de internações hospitalares por insuficiência cardíaca (IC), sendo esta a causa mais freqüente de internações por doenças cardiovasculares. Portanto, no Brasil, medidas que pudessem reduzir o número de internações por IC teriam imenso impacto social.O manejo moderno da IC está bem definido na literatura 1,2 e parece seguir diversos paradigmas ou modelos que servem como exemplos de condutas. Seguindo a mesma abordagem por nós adotada para a cardiopatia isquêmica 3 , um paradigma de ação médica é baseado num conceito fisiopatológico, dispõe de um método diagnóstico confiá-vel e que permite estimar prognóstico, resultando em terapêutica capaz de controlar sintomas, diminuir morbidade e, preferencialmente, aumentar a sobrevida. Na 1ª parte deste artigo, apresentaremos, de forma didática, os paradigmas que têm orientado o manejo da IC nas últimas décadas (quadro I), discutindo suas limitações. Na 2ª parte, discutiremos alguns paradigmas que, no futuro breve, poderão melhorar o manejo desta síndrome. Finalmente, contrastaremos o manejo da IC baseado puramente no raciocínio clínico com aquele baseado na farmacologia clínica.