Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no contexto da gastronomia e da educação alimentar e nutricional

Abstract

As plantas alimentícias não convencionais (PANC) representam uma potencialidade alimentar para a população brasileira uma vez que são encontradas em todo o território nacional, são de fácil manejo e podem ser utilizadas em diversas preparações culinárias. Entretanto, como o consumo das PANC ainda não configura um hábito na cultura alimentar brasileira faz-se necessário ampliar as ações de educação alimentar e nutricional (EAN) para difundir seu consumo. Considerando essas premissas, amparado em uma revisão bibliográfica, o presente trabalho avaliou o potencial das PANC vinculadas às ações multidisciplinares que abordam também as perspectivas gastronômicas associadas à EAN. O uso desse tipo de ingrediente demanda ações educativas para disseminar os seus benefícios nutricionais, bem como desenvolver hábitos alimentares mais saudáveis através da inserção das PANC em diferentes cardápios. Para que essas plantas estejam efetivamente presentes na cultura alimentar brasileira é necessário destacar seu emprego em preparações culinárias, além de correlacioná-lo a aspectos gastronômicos. Cabe ressaltar que, no contexto da pandemia da COVID-19, as PANC representam ainda uma ferramenta para contribuir com a segurança alimentar e nutricional, pois são facilmente acessíveis para as camadas mais vulneráveis da população brasileira, que eventualmente não reconhecem essas plantas como opções de alimentos.

Panc nas Receitas da Vovó

“…O acrônimo PANC (Plantas Comestíveis Não Convencionais) foi criado e introduzido no Brasil em 2008, e refere-se as plantas que a maioria das pessoas não conhece, produz ou consome, e caracterizam-se por terem uma ou mais partes comestíveis Lorenzi, 2021). O termo "Alimentícias" designa às frutas, verduras, hortaliças, cereais, castanhas, condimentos e corantes naturais, já a expressão "Não Convencionais" significa que não são produzidas ou comercializadas em abundância (Ranieri, 2017).…”

“…Essas plantas podem ser de origem espontânea ou cultivada, nativa ou exótica e, para muitas pessoas, são consideradas mato, invasoras, pragas e ervas daninhas (Kelen et al, 2015). O termo PANC depende do conhecimento do indivíduo de determinada região, pois algumas plantas da região amazônica não são convencionais para um mineiro, e vice-versa (Ranieri, 2017).…”

“…As PANC são uma opção para uma diversificação sustentável da alimentação, conservam a biodiversidade regional e a sazonalidade, além de acrescentar sabor, textura, cores e vários nutrientes nas preparações (Sartori et al, 2020). Tais plantas têm sido utilizadas por chefs de vários restaurantes para elaborar desde receitas simples (ex: refogados, saladas e sucos) até preparações requintadas e gourmets (Maria Filho, 2019).…”

“…Geralmente são utilizados com leite de coco, empanados, em saladas e refogados. (Ranieri, 2017;Nepomuceno;Pietrobon, 2018;Lorenzi, 2021) Informação nutricional: Possui fibras, vitaminas (B1, B2, B3, B9, C, E), minerais (ferro, cálcio, cobre, magnésio, zinco, fósforo, manganês, ferro e potássio) e compostos bioativos (carotenoides e clorofila).…”

“…Esses vegetais beneficiam a diversidade alimentar (Duarte, 2017), e colaboram para uma alimentação saudável, variada e responsável, no âmbito cultural e ambiental (Sartori et al, 2020), uma vez que proporcionam alto valor nutritivo por possuírem compostos importantes para o organismo como vitaminas, sais minerais, fibras e moléculas antioxidantes (Almeida, 2017;Feliciano;Bessa, 2019;Lorenzi, 2021), e serem usados para ações terapêuticas em determinadas regiões. Entretanto, alguns possuem fatores antinutricionais, como inibidores de proteínas, oxalatos, taninos e nitritos (Benevides et al, 2011) e fitoquímicos tóxicos que podem ser reduzidos pelo modo de preparo (Paschoal;Gouveia;Souza, 2016).…”