Pneumotórax espontâneo - novas perspectivas sobre avaliação diagnóstica e uso de cirurgia minimamente invasiva para manejo do paciente

Abstract

A pleura constitui uma membrana de tecido mesotelial que reveste os pulmões e a cavidade torácica, possibilitando o adequado funcionamento destes órgãos. Além disso, possui dois folhetos, o parietal e o visceral; quando na presença de ar entre estes, ocorre uma complicação denominada pneumotórax, o qual possui múltiplas etiologias. Nesse sentido, o pneumotórax espontâneo (PE) corresponde a uma forma de apresentação da afecção, porém menos frequente. Ademais, o pneumotórax representa uma emergência médica e pode ser tratado de maneira conservadora ou cirúrgica, contudo, há divergências na literatura sobre quais critérios devem ser utilizados para se optar pelo manejo expectante ou invasivo. Outrossim, vários casos de PE não apresentam etiologia esclarecida e são denominados de pneumotórax espontâneo primário (PEP); não obstante, tal terminologia é questionada atualmente, pois estudos indicam que sempre há uma doença pulmonar adjacente como fator predisponente, de maneira que nos casos considerados primários, apenas não houve a devida identificação da doença pulmonar responsável pelo pneumotórax. Ainda, os sinais e sintomas na doença são inespecíficos e mimetizam várias doenças, fazendo-se necessário a consideração de diagnósticos diferenciais importantes, os quais irão alterar a conduta e a gravidade do quadro, bem como a necessidade imediata ou não de procedimentos invasivos. Para o diagnóstico, além da suspeição clínica, são necessários exames complementares, como a radiografia e a tomografia computadorizada de tórax, os quais auxiliam também na identificação de complicações da doença.

Diagnóstico e manejo do pneumotoráx no departamento de emergência

“…Os sintomas primários do pneumotórax geralmente incluem dor torácica abrupta localizada no lado ipsilateral e dispneia, a qual, por sua vez, é proporcional à magnitude do pneumotórax, ao grau de colapso pulmonar, à velocidade de acúmulo de ar e à reserva cardiopulmonar do paciente (MUNDIM FILHO et al, 2022). Além disso, o quadro de distensão venosa jugular, taquicardia, cianose, hipóxia e hipotensão são sinais de alarme para quadros mais graves, como o pneumotórax hipertensivo, uma complicação que pode levar ao colapso Em situações específicas, a tomografia computadorizada (TC) de tórax torna-se essencial, principalmente em pacientes com enfisema pulmonar difuso, onde a rarefação do parênquima dificulta a detecção da linha de pneumotórax pela radiografia convencional no leito (SBCT, 2023).…”

“…O pneumotórax é caracterizado pela presença de ar na cavidade pleural, sendo uma condição clínica comum que exibe diversas particularidades tanto em sua apresentação clínica quanto em seu manejo CAMPOS;HADDAD, 2006). Pode ser classificado como espontâneo (primário ou secundário) e não espontâneo (traumático) (MUNDIM FILHO et al, 2022).…”

“…Já o pneumotórax não espontâneo surge como resultado de um trauma torácico, seja este aberto ou fechado, assim como decorrente de procedimentos intervencionistas com objetivos diagnósticos ou terapêuticos (MUNDIM FILHO et al, 2022). Quando causado por Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 7192-7201, jan./feb., 2024 procedimentos médicos, é comum a denominação pneumotórax iatrogênico (MUNDIM FILHO et al, 2022;SBCT, 2023).…”

“…De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica, o pneumotórax espontâneo primário, com uma incidência de 6 a 10 casos por 100 mil habitantes por ano e predileção por homens altos e magros entre 20 e 40 anos, compartilha uma incidência semelhante ao pneumotórax espontâneo secundário, sendo este último mais prevalente em indivíduos com mais de 60 anos (SBCT, 2023). Tipicamente unilateral, com maior frequência no lado direito, apresenta incidência bilateral em cerca de 2% dos casos, simultânea em 4 a 10%, e sugere uma possível tendência familiar autossômica dominante (MUNDIM FILHO et al, 2022;SBCT, 2023). A influência do tabagismo é notável, pois a inflamação das vias aéreas aumenta a ocorrência, proporcional ao número diário de cigarros (MUNDIM FILHO et al, 2022;SBCT, 2023;SBCT, 2023).…”

“…Tipicamente unilateral, com maior frequência no lado direito, apresenta incidência bilateral em cerca de 2% dos casos, simultânea em 4 a 10%, e sugere uma possível tendência familiar autossômica dominante (MUNDIM FILHO et al, 2022;SBCT, 2023). A influência do tabagismo é notável, pois a inflamação das vias aéreas aumenta a ocorrência, proporcional ao número diário de cigarros (MUNDIM FILHO et al, 2022;SBCT, 2023;SBCT, 2023).…”