“…retorno contemporâneo da família, enquanto centro privilegiado da proteção social, não só pode ser considerado uma nostalgia, mas um enfoque conservador da política social(Andrade, 2009: 66), sendo fulcral a clarificação da matricialidade sociofamiliar das políticas. Correndo o risco de descontextualizar e desfocalizar as propostas dos autores, podemos enquadrar esta análise, em certa medida, numa tendência de privatização da cidadania, como lhe chama Dupas (2005: 177 apud Silveira, 2013) ou num processo de descidadanização(Boron, 2001 apud Silveira, 2013.Embora estas tendências assumam uma expressão vincada nos países do sul da Europa, desde as últimas décadas do século XX verificam-se as mesmas orientações de governação neoliberal na generalidade dos países capitalistas, nomeadamente nalguns países da América Latina, onde o familismo assume um papel central nas políticas sociais(Andrade, 2009;Campos & Mioto, 2003;Castilho & Carloto, 2010;Franzoni, 2007;Jesus, Azevêdo & Silva, 2011;Mioto, 2008;Pereira, 2006;Sunkel, 2006). Verifica-se, de facto, que a família tem sido chamada a aprofundar as suas responsabilidades na proteção dos seus membros mas, simultaneamente, tem visto acrescidas as dificuldades de ação num contexto adverso e dinâmico, pontuado por condições de vida objetivas agravadas(Jesus, Azevêdo & Silva, 2011;Mioto, 2008), pelos riscos e pelas incertezas.…”