O presente artigo se insere na linha de estudos sobre a baixa presença de mulheres na política brasileira. Nesse trabalho, testamos se a eleição de uma prefeita aumenta o número de mulheres disputando o próximo pleito para a prefeitura no mesmo município. A análise deste efeito contágio dialoga com outros trabalhos cujo foco é o momento da apresentação e seleção de candidatas como um dos filtros decisivos para viabilizar a eleição de mais mulheres em disputas eleitorais. Esse estudo tem como base de dados as eleições municipais para prefeito no Brasil entre 2000 e 2012. Chegamos à conclusão de que nos municípios em que houve a eleição de uma prefeita a probabilidade de ter candidatas lançando-se pela primeira vez na próxima eleição é 1,8 vezes maior em comparação com a última disputa eleitoral. Outra constatação é a de que os homens que concorrem ao pleito reagem de forma diferente à eleição de uma mulher. A pesquisa sugere também que, além de fatores mais conhecidos, como arranjos institucionais ou condicionantes socioeconômicos, eventos chaves, como a vitória de mulheres em eleições majoritárias, desencadeiam mecanismos de retroalimentação que resultam na ampliação do espaço das mulheres na política.