RESUMO -Há controvérsias sobre a existência de uma epilepsia parcial benigna parietal distinta da epilepsia com pontas rolândicas. Estudamos 164 crianças com epilepsia e focos restritos às regiões centrais, temporais médias e parietais, sendo excluídas as que apresentavam elementos indicativos de lesão cerebral. Foram analisados a idade dos pacientes, a idade de início, o tipo e o número das crises, antecedentes familiares para epilepsia e a reatividade à percussão dos pés e mãos ao EEC As pontas foram de localização central e/ou temporal média (PCT) em 111 casos (temporal média em 56, centrotemporal em 29, central em 26) e parietal (PP) em 53 casos. A idade dos pacientes e idade de início das crises predominaram na faixa até 6 anos de idade no grupo com PP e acima dos 6 anos no grupo com PCT. As crises orofaríngeas e motoras da face corresponderam a 44,1% das crianças com PCT e, apenas, a 16,9% daquelas com PP. Pontas evocadas por estímulos somatossensoriais, ao EEG, foram registradas em proporção mais elevada de casos com PP (39,5%) do que no grupo com PCT (3,5%). Nossos achados mostram que epilepsia, na ausência de sinais lesionais, em crianças com PP, é relativamente frequente e tanto a idade dos pacientes, idade de início e perfil das crises, quanto a reatividade do EEG à percussão de pés e mãos, mostram diferenças significativas em relação ao observado nas crianças com PCT.PALAVRAS-CHAVE: infância, eletrencefalografia, epilepsia parcial benigna, pontas evocadas.
A comparative study of children with epilepsy and centro-temporal spikes or parietal spikesSUMMARY -There are controversies about the existence of a benign parietal epilepsy distinct from the benign partial epilepsy with centro-temporal spikes. We studied 164 children with no neurological or neuroradiological evidence of brain damage and with epilepsy and spikes restricted to the centro-temporal (CTS) or to the parietal regions (PS). The subject's age, age at onset and type of seizures and the presence of spikes evoked by consecutive taps applied to both hands and feet were compared between 111 patients with CTS and 53 patients with PS. Age of patients and age at onset of seizures predominated until 6 years in the PS group and after 6 years in the CTS group. The occurrence of oropharyngeal or facial motor seizures was statistically more frequent among the patients with CTS (44.1%) as opposed to PS group (16.9%). In 39.5% of the children with PS and only in 3.5% of those with CTS, the EEG showed high voltage potentials, similar to the habitual spikes in clinical EEG, evoked by the stimulation of one or both feet or hands. Our findings suggest that in neurologically normal children with epilepsy, the group with PS differs from those with CTS in the age, age at onset and type of seizures and EEG reactivity to percussion of hands and feet.