O debate académico sobre a regionalização de segurança destaca as deficiências técnicas, económicas e institucionais das organizações regionais, bem como as relações de amizade-inimizade entre os seus membros, como os principais obstáculos aos processos de paz e segurança regionais. Menos atenção tem sido dada aos efeitos das dinâmicas pós-coloniais, sobretudo as relações entre as ex-potências coloniais e as ex-colónias, nestes processos. Partindo desta lacuna, este artigo analisa a influência das dinâmicas pós-coloniais nos processos de paz regionais, usando como estudo de caso as intervenções da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) na Costa do Marfim (2002-2007). Através da análise qualitativa de fontes primárias e secundárias, o artigo defende que estas intervenções não conseguiram estabelecer uma paz positiva no país, devido a jogos de poder e interesses resultantes de dinâmicas pós-coloniais.