O manejo do fogo sustentável da vegetação remanescente do Cerrado (savana) enfrenta muitos desafios no Brasil e regionalmente, incluindo: o legado de políticas coloniais impostas de supressão do fogo; fragmentação massiva do bioma Cerrado por meio do desenvolvimento agropastoril; perda de conhecimento e da experiência cultural de manejo do fogo; ocorrência de incêndios severos no final da estação seca devido à falta de manejo apropriado com queima prescrita no geral. Como contexto para enfrentar esses desafios, primeiro fornecemos exemplos ilustrativos de um programa bem-sucedido, com base no mercado, implementado nas savanas do norte da Austrália, pirofíticas, e o recente estabelecimento de um programa piloto complementar em savanas suscetíveis a incêndios em Botswana. Em seguida, delineamos a necessidade e oportunidade de desenvolver uma abordagem análoga de manejo do fogo no Cerrado brasileiro, observando que: (a) há um potencial considerável para a implementação de manejo do fogo com apoio e incentivo em áreas frequentemente queimadas por incêndios, especialmente em territórios indígenas; (b) conforme demonstrado pela experiência australiana, esse desenvolvimento pode ser alcançado rapidamente em condições políticas favoráveis. Talvez a chave para essa transformação rápida seja reconhecer que todos se beneficiam – climas globais, sustentabilidade ecológica regional e população local, tanto cultural quanto financeiramente. O artigo fornece um resumo contextual de apresentações e discussões em Oficina Técnica associadas à Sessão Especial da 7ª Conferência Internacional sobre Incêndios Florestais, em Campo Grande, Brasil, focada de modo geral no tema descrito no título deste artigo.