Potencial de aproveitamento da água de chuva na produção de leite

Abstract

A escassez hídrica provocada pelo longo período de estiagem na região sudeste do Brasil, mais particularmente no estado de São Paulo, na região metropolitana, trouxe à tona, paradoxalmente, a ineficiência dos gestores públicos e a ausência de políticas que pudessem prevenir os prejuízos decorrentes desse problema. Enquanto a Austrália e outros países possuem um amplo programa de uso da água de chuva, inclusive para consumo humano, no Brasil a técnica está segregada para população do nordeste, causando um preconceito sobre o tema em regiões onde, sempre se acreditou, haver disponibilidade hídrica eterna. Nesta pesquisa, um projeto de captação e uso da água de chuva foi montado em uma região de serra em Minas Gerais, na cidade de Inconfidentes, numa unidade de produção de leite, sendo monitorado e avaliado no período de outubro de 2013 a abril de 2014. Em todo período, típico para chuvas, já fica um alerta, menos da metade da precipitação esperada foi registrada. Ainda assim, na área de apenas 218 m² de captação haveria uma redução de consumo de 5% de toda água consumida, representando uma economia de pouco mais do 20 m³/mês da água nobre, retirada das nascentes e utilizadas para afastamento de dejetos, uma carga altamente poluidora. O volume de 20 m³/mês abasteceria com conforto uma família de 5 (cinco) pessoas. Com a Portaria MS 2914/11 como referência de qualidade da água para consumo humano, foram realizadas mais de 10 coletas e avaliadas em laboratório particular com Certificação NBR ISO 17025:2005-INMETRO. Os resultados demonstram que apenas a questão microbiológica deve ser uma preocupação prioritária. Mas, revelam ainda a necessidade de melhor investigação quanto a formação de THM na cloração da água de chuva. Com um sistema de cloração e filtração simples e de fácil operação foi possível atingir um padrão de qualidade seguro, sem colocar em risco a saúde mesmo no consumo indireto, como contato com a pele ou aspiração de gotículas de aspersão. A pesquisa propõe, ainda, estudo para a criação de uma regulamentação que classifique os tipos de água de chuva em função da região de captação bem como um plano para implantação do uso da água de chuva cumprindo etapas que passariam por um programa de monitoramento, um processo de tratamento e um sistema de captação e armazenamento.