RESUMOObjetivo: ensaiar ética-esteticamente acerca da escrita de memoriais acadêmicos como modo de constituição de sujeitos titulares numa escola de enfermagem brasileira. Método: ensaio ético-estético. Utilizou-se marco teórico-metodológico sob perspectiva dos estudos foucaultianos, da intertextualidade, em conjunto com reprodução de obras de Adriana Varejão. Utilizou-se também fontes documentais de 16 memoriais de docentes titulares da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, escritos entre 2012 e 2020. Resultados: a escrita de memoriais acadêmicos é uma prática de constituição de sujeitos que dizem a verdade sobre si mesmos. Inspiramo-nos em obras artísticas da brasileira Adriana Varejão como aproximação ao campo da arte, já conhecido por sua possibilidade de criação. O lugar docente-assistencial, enfermeiraassistencial, enfermeira e docente são lugares de produção de verdade sobre si. Em contrapartida, outras identidades, como sanitarista e antropóloga na e da saúde, compõem os quadros. Tais produções de verdades acerca de si, no ritual acadêmico da titularidade, produzem atos de saber e poder nos quais o sujeito que escreve se torna o que afirma ser em seu testemunho e, na abertura da extirpação ocular, mostra-se e se prolifera esta imagem a quem se aproxima. Conclusão: a escrita funciona como vestimentas que trajam tais sujeitos, em sua melhor costura. Nos memoriais, busca-se reforçar o lugar de saber; saber sobre si e sobre como se tornou professora titular, de modo a não romper o quadro ou de operar cirurgicamente em seu modo de vista.