O artigo reporta uma construção metodológica no escopo da comunicação popular em saúde. Esse enfoque pode ser aproximado às vertentes da educomunicação, popularização da ciência e educação popular em saúde, mas, especialmente na proposição aqui reportada, articula arte popular com informação e comunicação no campo sanitário. O desenvolvimento metodológico é convergente às noções de desenvolvimento tecnológico e inovação. No presente caso, em referência à comunicação em saúde. A inovação foi a criação do Artesanário Popular, em 2020, por ocasião de um seminário internacional sobre Atenção Básica e pandemia, buscando congregar conhecimento científico e conhecimento popular em lugar de uma defesa da ciência em detrimento dos saberes populares ou a comunicação sem a necessária politização da informação, tampouco a informação sem o enfrentamento da reconstrução dos laços sociais e afetivos coibidos durante a emergência sanitária. A nova metodologia permitiu a interseção da linguagem artística com os saberes científicos e o debate político das mortes e adoecimentos resultantes do descompromisso governamental com a proteção da vida. A palavra, um neologismo criado como desafio à ação, fez a combinação de arte com o sufixo ário, pensando-se na reunião de uma variedade de expressões artísticas com e para a comunicação popular em saúde. A arte popular aí inserida teve inspiração na cultura do semiárido brasileiro e na tradição da educação popular em saúde junto à Atenção Básica. O artigo pretende oferecer uma introdução à metodologia do Artesanário Popular, cuja potência de uso cabe em outras áreas e serve à valorização de artistas populares na comunicação ou politização do conhecimento.