RESUMO Investigamos o fenômeno da omissão e expressão de sujeitos pronominais em orações negativas simples (e.g. Ele não come carne), um conhecido contexto de resistência para o sujeito nulo em PB. Realizamos pesquisa em um corpus de língua falada recente e buscamos responder três questões centrais: (i) há maior ocorrência de sujeitos pronominais expressos ou nulos em orações negativas?; (ii) qual é a relação entre sujeitos pronominais expressos e nulos e os traços semânticos de seus antecedentes?; e (iii) as orações negativas simples se comportam como as orações com dupla negação no que toca às ocorrências de sujeitos nulos e pronominais expressos? Os resultados mostram que há maior ocorrência de sujeitos nulos do que expressos na amostra analisada, corroborando a ideia de que as sentenças negativas atuam como um contexto de resistência do sujeito nulo. Também verificamos uma relação entre os traços [+humano] e [+gênero semântico] e os sujeitos pronominais expressos, e uma relação entre o traço [-gênero semântico] e o sujeito nulo. Finalmente, verificamos que há maior frequência de sujeitos nulos em duplas negações (seguindo a literatura) do que em negações simples, o que fortalece a hipótese de que as orações com dupla negação veiculam conteúdos mais ativados discursivamente do que as negações simples.