O carcinoma de células escamosas é a neoplasia maligna mais frequente da cabeça e pescoço, e no Brasil o da cavidade bucal é o quinto mais freqüente em pacientes do sexo masculino (4,7%), e o sexto em pacientes do sexo feminino (2%), considerando todas as topografias da cabeça e pescoço 1 . A maioria dos pacientes apresenta doença avançada na primeira consulta, ou seja, tumores com está-dio clínico III ou IV em 53,4% dos casos, segundo estatísti-cas do Serviço de Registro Hospitalar de Câncer do Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba 2 . Os tumores mais avançados necessitam frequentemente de procedimentos cirúrgicos mais complexos, com ressecção de partes moles, ossos da face e algumas vezes da pele, necessitando de fechamento com retalhos locais, regionais ou à distância, microcirúrgicos ou não. Os tipos de cirurgia empregados dependem principalmente da localização e da extensão do tumor, das condições clínicas do paciente, da prática da equipe médica e da disponibilidade técnica na instituição 3 . A reconstrução deve ser imediata, principalmente a reconstrução mandibular, sempre que possível. Diversas opções são consideradas para cada caso, como: enxerto cutâneo, retalhos de língua, miomucoso de bucinador, muscular de masseter, nasogeniano, miocutâneos (peitoral maior, peitoral menor, platisma, trapézio, grande dorsal e nasogeniano) e fasciocutâneos. Nos últimos anos, sempre que indicados e existirem condições técnicas favoráveis, tem sido usado as reconstruções microcirúrgicas (reto abdominal, crista ilíaca, fíbula, retalho de antebraço, retalho lateral do braço e grande dorsal) as quais ocupam um espaço significativo no capítulo das reconstruções 3,4 . As complicações das cirurgias para câncer da boca são inerentes ao processo do tratamento, levando-se em conta os fatores de risco próprios da doença e dos pacientes, o tipo de ressecção e reconstrução. Como exemplo, podemos citar alterações da deglutição, causando broncoaspiração e pneumonia, distúrbios respiratórios e fonatórios, atrofia do músculo trapézio e consequente queda do ombro (ressecção ou lesão do nervo espinhal), elevação da cúpula diafragmática levando a desconforto respiratório e ao risco de atelectasia pulmonar (lesão do nervo frênico), perda dos movimentos dos músculos da mímica labial e da sensibilidade dos mesmos (lesão do ramo mandibular do nervo facial), hematomas, seromas, acúmulo de linfa (lesão do ducto torácico), edema facial (distúrbio de drenagem venosa por lesão da veia jugular interna), infec-