Este trabalho trata da caracterização sistemática e paleobiológica de malacostráceos siluro-devonianos da Formação Manacapuru, Bacia do Amazonas, coletados em afloramentos situados na região do Sítio Belo Monte, sudoeste do Estado do Pará. Foram individualizados Paranebalidae indet. A e Paranebalidae indet. B, filocarídeos, e Stenasellidae indet., isópode. No intervalo Siluro-Devoniano os filocarídeos leptostráceos e os isópodes flabelíferos tiveram expressiva radiação e expansão biogeográfica, coincidente com a expansão contínua dos ecoespaços marinhos a partir do Paleozoico Médio. A associação de malacostráceos estudada é composta por formas de carapaça robusta, dominantemente articulados, com baixos graus de fragmentação e abrasão, indicando baixo nível de energia do meio durante o evento de soterramento. A preservação dos pleópodes e urópode articulado ao corpo em Stenasellidae indet. e do pleonito articulado ao pleópode de Paraneballidae indet. B sugerem articulações mais robustas ou soterramento rápido, e morte catastrófica destes indivíduos, constituintes da biocenose original. O exopodito isolado em Paraneballidae indet. A pode indicar conexão mais frágil entre seu epipodito e exopodito em relação aos demais pleópodes, que sofreu transporte a curta distância, devido a preservação dos delicados espinhos de sua margem posterior, e por isso considerado um elemento da tanatocenose durante o evento de soterramento. O padrão de fossilização pode significar que o pequeno registro de malacostráceos na Formação Manacapuru esteja associado com a presença de sedimentos terrígenos nas rochas onde estes fósseis foram encontrados, que não propicia a boa preservação de animais com o corpo levemente mineralizado.